O Governo de Espanha informou a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 50 embarcações com destino a Gaza, que "o navio de resgate marítimo já se encontra num raio operacional para realizar operações de resgate, se necessário", segundo fontes do executivo espanhol citadas pela agência Efe na terça-feira à noite.
Informou-os ainda "que o navio não pode entrar na zona de exclusão estabelecida pelo Exército israelita, pois isso colocaria em risco a integridade física da sua tripulação e da própria flotilha".
"O Governo recomenda veementemente que a flotilha, nas atuais circunstâncias, não entre na zona de exclusão, pois isso colocaria a sua própria segurança em grave risco. A missão da flotilha é louvável e legítima, mas a vida dos seus membros deve estar em primeiro lugar", sublinharam as fontes do Governo espanhol.
Também o Governo português reiterou na terça-feira o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha para que se mantenham em águas internacionais, alertando para "riscos muito sérios".
De igual forma, o Governo de Itália lançou na terça-feira um "último apelo" à Flotilha Global Sumud para que interrompa a sua viagem rumo à Faixa de Gaza e aceite alguma das "soluções alternativas" propostas por Israel.
Apesar destes apelos, a Flotilha Global Sumud indicou na rede social Instagram, pelas 22:30 de terça-feira (hora de Lisboa), que se encontrava a dez milhas náuticas (cerca de 18,5 quilómetros) da "zona de risco elevado" e a 160 milhas náuticas (cerca de 296 quilómetros) do enclave palestiniano.
"Estamos em alerta máximo, pois a nossa flotilha está a 10 milhas náuticas da zona de alto risco", apontou.
Durante o dia de terça-feira, responsáveis da Flotilha Global Sumud garantiram que a missão humanitária não iria parar, apesar dos apelos, e que esperavam entrar esta noite na zona de risco israelita.
A Marinha israelita está pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 50 embarcações com destino a Gaza e que entrará em breve numa zona de risco, informaram na terça-feira fontes militares à estação pública israelita Kan.
A Marinha planeia transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de algumas serem afundadas no mar, indicaram as mesmas fontes.
Israel tem reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao enclave palestiniano.
A flotilha humanitária, composta por cerca de 50 embarcações (incluindo uma com bandeira portuguesa), partiu recentemente com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos à Faixa de Gaza, iniciativa rejeitada por Telavive que argumenta que a ação é apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.
Entre os participantes de mais de 40 nacionalidades constam três portugueses: a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha organizada até ao momento.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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