Em comunicado, Guterres reconheceu ainda o importante papel dos Estados árabes e muçulmanos nas negociações e reiterou que a prioridade deve ser aliviar "o tremendo sofrimento causado por este conflito".
"O secretário-geral saúda o anúncio feito ontem [segunda-feira] pelo Presidente dos EUA, Trump, com o objetivo de alcançar um cessar-fogo e uma paz sustentável para Gaza e para a região. (...) Agora é crucial que todas as partes se comprometam com um acordo e com a sua implementação", diz a nota divulgada pelo gabinete do porta-voz do secretário-geral.
O líder da ONU insistiu, mais uma vez, num apelo para um cessar-fogo imediato e permanente, acesso humanitário irrestrito a Gaza e libertação imediata e incondicional de todos os reféns, e espera que isso crie as condições que permitam a concretização da solução de dois Estados.
"As Nações Unidas mantêm-se firmes no seu compromisso de apoiar todos os esforços que promovam a paz, a estabilidade e um futuro mais promissor para os povos da Palestina e de Israel e de toda a região", conclui o comunicado.
Também hoje, António Guterres reuniu-se com uma ex-refém do Hamas e com outros familiares das vítimas do grupo islamita palestiniano.
O antigo primeiro-ministro português partilhou nas suas redes sociais uma fotografia desse encontro e disse que espera que todos possam testemunhar o fim do sofrimento de israelitas e palestinianos.
"Hoje, encontrei-me com a ex-refém llana Gritzewsky, cujo parceiro ainda está em cativeiro pelo Hamas; o filho de Lior Rudaeff, morto defendendo o seu kibutz em 07 de outubro [de 2023] e cujo corpo permanece em Gaza; e a mãe e a irmã do refém nepalês Bipin Joshi. A dor deles é insuportável", escreveu Guterres.
"Acolho com satisfação o recente anúncio do Presidente dos Estados Unidos e espero que testemunhemos o fim do sofrimento de israelitas e palestinianos", concluiu.
A proposta de Trump, anunciada na segunda-feira, prevê um cessar-fogo imediato em Gaza, a retirada gradual do Exército israelita, a libertação total dos reféns em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos e o fornecimento de ajuda humanitária através das Nações Unidas.
O plano inclui também o desarmamento completo do Hamas, que seria excluído do governo da Faixa de Gaza, e o estabelecimento de um governo de transição composto por tecnocratas palestinianos e especialistas internacionais supervisionados por um "Conselho da Paz".
O acordo abre igualmente a porta à "possibilidade de autodeterminação e à criação de um Estado palestiniano", assim que a reconstrução da Faixa de Gaza progredir e as reformas na Autoridade Palestiniana forem implementadas.
A proposta de Trump foi apoiada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que, no entanto, esclareceu horas depois que não apoiará a criação de um Estado palestiniano e que as tropas israelitas permanecerão mobilizadas "na maior parte" de Gaza.
O Hamas ainda não reagiu oficialmente ao plano proposto por Trump, que conta com o apoio de grande parte da comunidade internacional, mas uma fonte ligada ao processo disse na segunda-feira que o grupo extremista palestiniano estava a analisar a proposta.
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