O ativista conservador Charlie Kirk, que foi assassinado no início do mês de setembro durante um evento, escreveu uma carta ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, onde expressou o seu "profundo amor por Israel e pelo povo judeu".
A carta, que está datada a 2 de maio, mostrava o 'alarme' de Charlie Kirk devido às "tendências anti-Israel e antissemitas" que atingiram "recordes nos meios de comunicação". O ativista defendeu ainda que uma das suas "maiores alegrias como cristão é defender Israel e formar alianças com judeus na luta para proteger a civilização judaico-cristã".
"Eu e a minha equipa passamos meses a analisar estas tendências e a debater ideias que poderiam ajudá-lo [Netanyahu] e ao seu país a reagir contra estes acontecimentos perturbadores", escreveu na carta partilhada pelo The New York Post.
E acrescentou: "O sentimento anti-Israel pode minar o apoio americano ao país. O propósito desta carta é expor as nossas preocupações e pensar em possíveis soluções. Tudo o que é escrito aqui vem de um lugar de profundo amor por Israel e pelo povo judeu. Acho importante ser brutalmente honesto com aqueles que ama. Na minha opinião, Israel está a perder a guerra da informação e precisa de uma 'intervenção de comunicações'".
Kirk referiu ainda que a equipa de Benjamin Netanyahu deveria parar de "terceirizar" defesas retóricas do país para os representantes americanos, destacando que, enquanto voz da Turning Point USA (TPUSA) nos campus universitários, frequentemente era acusado de "defender Israel em público" com mais firmeza do que o gabinete do primeiro-ministro.
"Sou acusado de ser um apologista pago por Israel quando o defendo. No entanto, se eu não defender Israel com firmeza o suficiente, sou acusado de ser antissemita", salientou.
"Sei que têm uma guerra em sete frentes e que as minhas reclamações são insignificantes quando comparadas. Estou a tentar transmitir que Israel está a perder o apoio, até mesmo nos círculos mais conservadores. Isso deveria ser um sinal de alerta", continuou.
Na carta, Charlie Kirk deixou ainda algumas sugestões a Netanyahu para que Israel conseguisse mudar a opinião pública, como, por exemplo, a criação de uma equipa de resposta rápida no X e outras plataformas sociais ou criar uma "rede da verdade de Israel".
Deixou ainda a sugestão para que Israel enviasse alguns dos reféns libertados pelos Hamas aos Estados Unidos com o intuito de participarem em palestras, notando que seria "uma mensagem muito eficaz".
"Os reféns e todos os seus porta-vozes deveriam argumentar e dizer que é o Hamas que está a cometer genocídio contra o seu povo e usa civis como escudos humanos, armazenando armas em escolas, hospitais, etc. Essa informação surge nos meios de comunicação tradicional, mas é quase inexistente nas redes sociais", sublinhou.
O ativista conservador sugeriu ainda que Israel partilhasse o dia a dia dos israelitas nas redes sociais, através de entrevistas a "judeus, árabes israelitas, drusos, ortodoxos". "Pergunte aos israelitas o que gostavam que o mundo soubesse sobre o país".
Na carta de sete páginas, Charlie Kirk disse ainda a Netanyahu para fazer um "trabalho melhor" quanto a explicar quais as ameaças do Irão com armas nucleares.
"Na minha opinião, vocês estão a perder a guerra da informação, o que se traduzirá em menos apoio político e militar dos Estados Unidos. A Terra Santa é muito importante para a minha vida e dói-me ver o apoio a Israel desaparecer", notou.
De recordar que, após a sua morte, Benjamin Netanyahu referiu-se a Kirk como um "amigo corajoso de Israel" que "lutou contra as mentiras e manteve-se firme na defesa da civilização 'judaico-cristã'.
Quem era Charlie Kirk?
Charlie Kirk, de 31 anos, foi o fundador da Turning Point USA, uma organização conservadora concentrada no ativismo universitário.
Nascido em Arlington Heights, um subúrbio de Chicago, Kirk era oriundo de uma família da classe média e desde jovem demonstrou interesse pela política.
Kirk, que apoiava o porte de armas de fogo, tornou-se numa das vozes mais conhecidas do movimento jovem conservador nos Estados Unidos próximo do Presidente Donald Trump.
O ativista conservador foi assassinado no dia 10 de setembro durante um evento na Utah Valley University, nos Estados Unidos.
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