"Acredito firmemente que estamos num momento em que uma ação decisiva da nossa parte pode levar a um ponto de viragem neste conflito", disse Ursula von der Leyen numa declaração à imprensa, sem direito a perguntas, em Bruxelas.
No dia em que recebe na Comissão Europeia o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, para a quinta reunião do colégio de comissários centrada no tema da segurança, a líder do executivo comunitário defendeu que a União Europeia (UE) deve "intensificar a ajuda militar à Ucrânia" quando se assinalam três anos e sete meses desde a invasão russa do país.
"Acordámos com a Ucrânia que será gasto um total de dois mil milhões de euros em drones [aeronaves pilotadas remotamente], o que permitirá à Ucrânia aumentar a sua capacidade e utilizá-la ao máximo e, naturalmente, permitirá também à União Europeia beneficiar desta tecnologia", explicou.
Ainda assim, de acordo com Ursula von der Leyen, é necessária "uma solução mais estrutural para o apoio militar", razão pela qual o executivo comunitário propôs "um empréstimo de reparações com base nos ativos russos imobilizados".
"O empréstimo não seria desembolsado de uma só vez, mas em várias 'tranches' e com condições associadas e, além disso, reforçaremos a nossa própria indústria de defesa, garantindo que parte do empréstimo seja utilizada para aquisições na Europa e com a Europa", adiantou.
Von der Leyen salvaguardou que a UE não está a confiscar bens russos congelados e que a Ucrânia terá de reembolsar o empréstimo.
Este empréstimo, para o qual é necessário aval na UE, será assente nos ativos russos congelados pelas sanções da UE e terá um montante calculado com base nas necessidades financeiras da Ucrânia nos próximos dois anos.
Junto à responsável, Mark Rutte defendeu o "desenvolvimento da base da indústria de defesa, garantindo que o financiamento e os recursos estão disponíveis para apoiar a Ucrânia".
Além disso, "temos de manter o nosso espaço aéreo seguro", apontou.
"Vimos, nas últimas semanas, o que aconteceu com os drones na Polónia, na Estónia, mas também o que está agora a acontecer na Dinamarca. Na Dinamarca, ainda estamos a avaliar o que está por detrás desses incidentes, mas no caso da Polónia e da Estónia é claro que houve perturbações e estamos a analisar se foram intencionais ou não", elencou.
O líder da Aliança Atlântica adiantou apoiar a iniciativa muralha de drones (drone wall) por a considerar "oportuna e necessária" para evitar a invasão do espaço aéreo.
Em causa está um sistema de defesa aérea para detetar e reagir à entrada irregular destas aeronaves pilotadas remotamente, que arranca no flanco leste europeu e pode ser alargado ao resto do espaço comunitário.
O discurso surge antes de uma cimeira informal, na quarta-feira em Copenhaga pela presidência do Conselho da UE assumida pela Dinamarca, quando precisamente este país enfrenta ameaças híbridas devido à invasão do espaço aéreo por drones (aeronaves pilotadas remotamente), após isso ter acontecido com Estados-membros como Polónia, Roménia e Estónia.
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