Num relatório divulgado hoje, o Ministério da Defesa Nacional (MDN) de Taiwan indicou que 33 aeronaves chinesas sobrevoaram as imediações da ilha entre as 06h00 de segunda-feira e as 06h00 de hoje (hora local), o número diário mais elevado registado este mês.
Segundo o MDN, 23 dos aparelhos cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan - uma fronteira não oficial tradicionalmente respeitada - e entraram nas regiões norte, centro e sudoeste da Zona de Identificação de Defesa Aérea autoproclamada por Taipé, sem no entanto violarem o espaço aéreo da ilha.
"As Forças Armadas da República da China [nome oficial de Taiwan] monitorizaram a situação e recorreram a aviões de patrulha, navios da Marinha e sistemas de mísseis costeiros em resposta às atividades detetadas", referiu o ministério.
Num comunicado à parte, o MDN advertiu que, desde as 11h42 de segunda-feira (04:42 em Lisboa), foram detetadas sucessivas incursões de aviões chineses, incluindo caças J-16, bombardeiros JH-7, aeronaves de alerta antecipado KJ-500 e veículos aéreos não tripulados ('drones'), em manobras sobre o mar.
"Em coordenação com navios de guerra chineses, e sob o pretexto de uma alegada 'patrulha conjunta de prontidão para combate', realizaram ações de assédio nas áreas marítimas e aéreas circundantes de Taiwan", acrescentou.
As manobras coincidiram com a intervenção de Lin Chia-lung no Fórum de Segurança de Varsóvia, onde o chefe da diplomacia taiwanesa destacou Taiwan como "um parceiro fiável" da Europa e apelou a políticas "mais pragmáticas e visionárias" por parte da região em relação à ilha.
A deslocação de Lin à Polónia, iniciada a 27 de setembro, poderá gerar fricções entre Pequim e os parceiros europeus, uma vez que o Governo chinês se opõe firmemente a contactos entre responsáveis taiwaneses e políticos de países com os quais mantém relações diplomáticas.
Em conferência de imprensa, o porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun acusou na segunda-feira os dirigentes do Partido Democrático Progressista, no poder em Taiwan, de visitarem "certos países" com o objetivo de "espalhar desenfreadamente falácias e mentiras separatistas".
"Alguns políticos ocidentais, por interesses egoístas, insistem em manter contactos oficiais com Taiwan, o que inevitavelmente mina a confiança mútua e a cooperação de benefício partilhado. Instamos os países em causa a cumprirem os seus compromissos políticos para com a China", advertiu Guo.
Leia Também: China restringe gastos do fundador do grupo Wanda por não pagamento de dívidas