"Instamos o Governo equatoriano e as organizações sociais e indígenas a iniciarem um diálogo urgente para evitar uma escalada do conflito e encontrar soluções", disse na segunda-feira o representante regional Jan Jarab.
Em comunicado, o órgão da ONU lamentou a morte de Efraín Fuerez, membro da comunidade indígena Kichwa, no domingo, na cidade de Cotacachi, na província de Imbabura, que se tornou o epicentro dos protestos contra a eliminação do subsídio ao gasóleo, decretado pelo Presidente Daniel Noboa.
A Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), a maior organização social do país e que convocou os protestos, descreveu a morte como um "crime de Estado", afirmando que Fuerez foi morto a tiro pelas forças armadas.
Jan Jarab afirmou que o Estado deve "investigar a responsabilidade por esta morte de forma completa e transparente", garantindo "o acesso à justiça para a sua família e comunidade".
O representante regional das Nações Unidas solicitou ainda uma investigação sobre os relatos de várias pessoas feridas neste contexto, incluindo 12 militares.
O dirigente recordou que o Estado "é responsável pelas ações e omissões das suas forças policiais" e tem a obrigação de investigar "de forma eficaz, imparcial e atempada qualquer possível uso ilegal da força ou outras violações dos direitos humanos por parte dos agentes da polícia" no contexto das manifestações.
Na segunda-feira, a CONAIE denunciou "a brutalidade com que os militares atacaram a população civil indefesa" e pediu a Noboa que "deixe de manter uma postura bélica contra o povo".
O chefe de Estado disse que a caravana humanitária que liderava no domingo à noite, com destino a Imbabura (norte), foi alvo de uma emboscada por aqueles "que resistem ao progresso do Equador".
A CONAIE) afirmou que não recuará "um passo" até que seja revogado o decreto que aumentou o preço do gásoleo em 56%.
O governo de Noboa insistiu que não vai negociar nem recuar na medida e afirmou que o subsídio nunca beneficiou os mais pobres, mas sim a mineração ilegal e o contrabando.
Além do manifestante falecido, os protestos, que começaram a 22 de setembro, resultaram também em 48 feridos e mais de 100 detenções, incluindo uma dezena de pessoas enviadas para prisão preventiva após terem sido acusadas de terrorismo pelo Ministério Público.
O movimento indígena conseguiu impedir as duas tentativas anteriores de eliminar os subsídios aos combustíveis, em 2019 e 2022, liderando protestos maciços por todo o país que obrigaram os então presidentes Lenín Moreno (2017-2021) e Guillermo Lasso (2021-2023) a reverter as decisões.
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