"Já acertámos um encontro bilateral para ligar o Peru ao Brasil e o Pacífico ao Atlântico por ferrovia", afirmou Boluarte, na segunda-feira, durante um evento público para um curso de empreendedorismo.
A Presidente peruana acrescentou que a reunião sobre uma linha de caminhos-de-ferro entre os portos da Bahia (Brasil) e de Chancay (Peru) ficou acertada durante a participação dos dois líderes na Assembleia Geral das Nações Unidas.
"O Peru está agora em destaque, e todos os países do mundo querem vir investir", acrescentou a chefe de Estado.
Os governos do Brasil e da China anunciaram em julho a assinatura de um acordo de cooperação para uma série de estudos que visam determinar a viabilidade de uma linha de caminhos-de-ferro ligando o estado brasileiro da Bahia ao porto peruano de Chancay, a norte de Lima, que passaria pela floresta amazónica dos dois países e atravessaria os Andes.
O porto de Chancay, inaugurado em novembro, está localizado a 80 quilómetros a norte de Lima e é detido em 60% pela empresa de navegação estatal chinesa Cosco e em 40% pela empresa mineira peruana Volcan Compañía Minera, a quarta maior produtora de prata e zinco do mundo.
A infraestrutura permitiu o estabelecimento de uma rota marítima direta entre a América do Sul e a China, representando uma poupança significativa de tempo e dinheiro no transporte de mercadorias entre os dois continentes.
Os cais de Chancay podem acomodar navios de grande porte com uma capacidade de carga até 24 mil contentores e o objetivo é movimentar entre 30% e 40% da carga nacional com destino à China e ao Sudeste Asiático nos primeiros anos de operação.
Em julho, o primeiro-ministro peruano, Eduardo Arana, disse que o país "não autorizou nem planeia investir" numa linha ferroviária a ligar a Bahia a Chancay.
Tudo o que o Governo brasileiro possa ter discutido com a China "é um projeto que podem prosseguir", mas "isso não implica, de forma alguma, que o Governo peruano tenha participado, nem devesse ter participado", sublinhou o dirigente.
Para que o projeto se concretize, o Governo peruano "teria de pagar o comboio", avaliado em aproximadamente 10 mil milhões de dólares (8,52 mil milhões de euros), acrescentou Arana.
O primeiro-ministro afirmou que "o Governo peruano não autorizou nem planeia investir este valor neste momento".
Arana acrescentou que, se o Brasil o quiser fazer e se se tratar de um investimento privado, o Ministério dos Transportes e Comunicações peruano "verá se autoriza".
Leia Também: EUA à beira da paralisia orçamental com desacordo entre Trump e democratas