O documento, divulgado na Internet, para recolher assinaturas digitais, sublinha que as detenções arbitrárias continuam na Venezuela e pede que os presos por motivos políticos sejam libertados, por ocasião da próxima canonização do médico José Gregório Hernández e da Madre Carmen Rendiles.
"Papa Leão XIV, a grave crise dos direitos humanos na nossa Venezuela agravou-se dramaticamente. As detenções arbitrárias já não se limitam aos líderes políticos afetam cidadãos de todas as classes sociais, incluindo operários, padeiros, profissionais liberais, polícias e militares", explica.
O documento continua explicando que "simplesmente por dissentir", familiares y amigos "são submetidos a um sistema de injustiça que instaurou padrões de violação, como o isolamento prolongado, os desaparecimentos forçados e os maus-tratos cruéis e desumanos".
"Santo Padre, centenas de venezuelanos, desde adolescentes e mulheres até idosos e pessoas com doenças crónicas ou deficiências, foram presos por exercerem direitos universais como a liberdade de expressão, de associação e de protesto pacífico. Para além das estatísticas ou notícias, cada um destes casos representa um drama familiar e uma ferida aberta no coração da nossa nação", explica.
Segundo a Clippve a próxima canonização dos primeiros santos venezuelanos, a beata Madre Carmen Rendiles e o beato Dr. José Gregório Hernández, representa "uma oportunidade única para curar estas feridas que representam os presos políticos na Venezuela".
"Confiamos que esta ocasião possa ser um veículo para a liberdade, a paz e a reconciliação. Por isso, solicitamos que, por ocasião deste evento histórico e espiritual, os nossos familiares possam viver uma canonização em liberdade (...) é um clamor para que, nesta celebração transcendental, haja a libertação de todos os presos políticos. Assim o pedimos também em oração aos nossos compatriotas que serão declarados santos", lê-se no documento.
O pedido, segundo a Clippve está em consonância com os apelas da Conferência Episcopal Venezuelana e da expressão do falecido Papa Francisco de que uma "canonização sem presos políticos seria um gesto de imensa boa vontade e um passo histórico à paz".
De acordo com os dados da organização não-governamental Foro Penal (FP) em 15 de setembro, 823 pessoas estavam detidas na Venezuela por motivos políticos, 722 homens e 101 mulheres.
Do total de presos políticos, 653 são civis e 170 militares, correspondendo a 819 adultos e quatro adolescentes.
Segundo o FP, 89 presos políticos são estrangeiros, entre os quais cinco lusitanos com dupla nacionalidade, portuguesa e venezuelana.
A organização contabiliza ainda 18.488 detenções por motivos políticos na Venezuela desde 2014.
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