O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, afirmou hoje que solicitou ao seu homólogo israelita, Gideon Sa'ar, que garanta a segurança dos italianos na Flotilha, entre os quais estão alguns deputados.
"Esta manhã, conversei com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, pedindo que a segurança dos italianos seja garantida e que não haja nenhuma ação violenta em caso de intervenção israelita", disse Tajani, líder do partido Forza Italia (centro-direita).
"Continuamos a pedir à Flotilha que atenda à mensagem do Presidente da República, pois é perigoso aproximar-se de uma área controlada pela Marinha israelita, e a nossa Marinha não pode certamente acompanhar os navios da Flotilha para forçar o bloqueio".
O Ministro da Defesa, Guido Crosetto, salientou que existe um elevado risco de incidentes entre a Flotilha e as Forças de Defesa de Israel (IDF) devido ao grande número de barcos que se dirigem para Gaza.
"Estamos preocupados, também devido ao acidente ocorrido há anos naquela zona, no qual morreram dez turcos", disse Crosetto à Rai TV.
"O que tenho vindo a dizer às pessoas nos barcos desde o início: não se trata de força de vontade ou sentimentos, mas dos riscos que podem enfrentar", referiu.
"Sempre esperei que não houvesse consequências letais. O que mais me preocupa é que as embarcações sejam intercetadas, e o grande número de navios também traz o risco de acidentes", adiantou Crosetto.
A Flotilha, onde seguem alguns portugueses como a deputada Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda), conta com cerca de 50 embarcações.
"Presumo que, se nada mais acontecer, os ativistas serão detidos", acrescentou Crosetto.
O ministro italiano disse ainda esperar que nas próximas horas surja "algo de positivo no diálogo entre Israel e a Palestina", graças à intervenção do Presidente norte-americano, Donald Trump, e outros.
"Que se possa alcançar uma trégua e, portanto, o que a Flotilha pretendia fazer possa ser alterado", precisou.
A Flotilha Global Sumud está na sua etapa final em direção à Faixa de Gaza para desafiar o bloqueio israelita ao enclave palestiniano e entregar alimentos e medicamentos,e planeia entrar numa "zona de alto risco" no Mediterrâneo Oriental nos próximos dois dias.
O Governo italiano enviou dois navios militares para auxiliar os navios da flotilha, se necessário, revezando-se, mas não em simultâneo, e a Espanha enviou outro, o navio de patrulha oceânica "Furor".
Parlamentares do Partido Democrático (centro-esquerda) a bordo da Flotilha disseram hoje que iriam interromper a operação à primeira ordem das IDF.
"Não queremos forçar bloqueios, mas sim levar ajuda", disse Arturo Corrato, deputado do PD, falando em nome da tripulação do navio Karma, parte da Flotilha Sumud, que inclui também a eurodeputada democrata Annalisa Corrado.
"Israel está a agir ilegalmente quando ataca em águas internacionais. Mas interromperemos a operação à ordem de Israel", adiantou.
"Acredito que nenhuma das embarcações queira forçar o bloqueio, porque esta é uma missão pacífica e não violenta: estas têm sido as regras de empenhamento desde o início", adiantou.
O bloqueio israelita, considerou, "é ilegal", mas os navios irão prosseguir viagem apesar do aviso da Marinha italiana.
A guerra declarada por Israel a 07 de outubro de 2023 em Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas - horas após um ataque a território israelita com cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, pelo menos 66.055 mortos, na maioria civis, e 168.346 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas por mais de dois meses de bloqueio de ajuda humanitária e pela posterior entrada a conta-gotas de mantimentos, distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis famintos, tendo até agora matado 2.571 e ferido pelo menos 18.817.
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