"Entre as vítimas encontram-se manifestantes e transeuntes mortos por membros das forças de segurança, mas também outras pessoas mortas durante os episódios de violência e os saques generalizados que se seguiram, perpetrados por indivíduos e gangues sem ligação aos manifestantes", detalhou o Alto-Comissariado, em comunicado.
O Alto-Comissário, Volker Türk, afirmou ainda estar "entristecido pelas perdas de vidas humanas e pelas agressões às pessoas ocorridas durante as manifestações".
Türk exortou as autoridades malgaxes a conduzirem "investigações rápidas, aprofundadas, independentes e transparentes" sobre a violência e a levarem à Justiça os responsáveis.
Novas manifestações agitaram hoje várias cidades de Madagáscar, incluindo a capital, Antananarivo, onde as forças de segurança recorreram a granadas de gás lacrimogéneo num frente-a-frente com uma multidão jovem que exigia a demissão do Presidente, Andry Rajoelina, com reivindicações que ultrapassam já o descontentamento face às constantes interrupções de água e eletricidade, que foi precisamente a origem dos protestos.
"Exorto as forças de segurança a absterem-se de recorrer a uma força desnecessária e desproporcionada e a libertarem imediatamente todos os manifestantes detidos arbitrariamente", pediu Türk.
O Alto-Comissariado indicou que as manifestações pacíficas começaram na capital em 25 de setembro, mas que "as forças de segurança intervieram com força desnecessária, lançando gás lacrimogéneo, agredindo e detendo manifestantes".
Alguns oficiais usaram ainda munições reais, segundo a ONU.
"O direito internacional relativo aos direitos humanos é particularmente rigoroso quanto ao uso de armas de fogo. Estas só podem ser utilizadas pelos agentes das forças de segurança quando estritamente necessário para proteger vidas ou prevenir ferimentos graves resultantes de uma ameaça iminente", sublinhou Türk.
O Alto Comissário pediu também às autoridades que garantam "o respeito pelos direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica".
Apesar das riquezas naturais, Madagáscar continua a ser um dos países mais pobres do mundo e quase 75% da população vivia abaixo do limiar da pobreza em 2022, segundo o Banco Mundial.
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