"Querem sancionar-nos porque não estamos dispostos a curvar-nos perante eles, porque não queremos ser humilhados. A ideia de colocar o Irão e o nosso povo de joelhos é apenas um sonho, uma fantasia", declarou durante uma cerimónia em comemoração do Dia Nacional dos Bombeiros, de acordo com a agência de notícias IRNA.
Pezeshkian garantiu que o seu Governo fará "tudo o que for possível pela honra e orgulho do país" e tentará "com todas as suas forças resolver os problemas", colocando-se ao serviço do povo.
"Ou baixamos a cabeça ou nos levantamos, desenvolvemos um plano para resolver os nossos problemas", afirmou.
Por isso, pediu à população iraniana que se una, "em vez de confiar em outros".
"Confiemos nos nossos próprios cientistas e empresários, assim poderemos aspirar a um futuro melhor", afirmou o Presidente iraniano, rejeitando "a guerra, o derramamento de sangue e a agressão".
Nesse sentido, criticou o facto de Israel, que "há anos semeia o caos na região", não ter sido sancionado ou condenado "nem uma vez" no Conselho de Segurança da ONU, apenas porque os Estados Unidos estão presentes na organização internacional e impedem qualquer sanção com o seu poder de veto.
Sobre a situação na Faixa de Gaza, Pezeshkian destacou o papel das Nações Unidas: "Não passam de mentiras, uma vez que pessoas inocentes estão a ser assassinadas diante dos seus olhos e Israel ataca qualquer país sem qualquer custo".
O Presidente iraniano criticou ainda os países europeus e os Estados Unidos por certas atitudes, como reconhecerem o Estado da Palestina, por "afirmarem ser compassivos com a humanidade", por falarem sobre direitos humanos e democracia, enquanto permitem que a situação na Faixa de Gaza continue a se deteriorar.
"Vejam o que estão a fazer em Gaza", insistiu o responsável iraniano.
As sanções da ONU contra o Irão foram restabelecidas no domingo, após o fracasso das negociações sobre o programa nuclear de Teerão com os países ocidentais, que apelaram ao regresso à via diplomática.
Na sequência do aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pesadas sanções, que vão desde um embargo de armas até medidas económicas, estão novamente em vigor, dez anos após terem sido suspensas.
Reino Unido, França e Alemanha - denominado grupo E3, dos três Estados europeus que têm estado a negociar com Teerão o regresso das inspeções pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) -, e os Estados Unidos garantiram que o reinício das sanções não significa o fim da diplomacia.
De acordo com a AIEA, o Irão é o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), próximo do limiar técnico de 90% necessário para a fabricação de uma bomba atómica. Teerão nega ter ambições militares, mas insiste no seu direito ao nuclear para fins civis, nomeadamente para produzir eletricidade.
O acordo nuclear (JCPOA, sigla inglesa para Plano de Ação Conjunto Global) celebrado em 2015 entre o Irão e as grandes potências limitava essa taxa a 3,67%. De acordo com a AIEA, o Irão dispõe de cerca de 440 quilos de urânio enriquecido a 60%, um 'stock' que, se fosse enriquecido até ao nível de 90%, permitiria ao país dotar-se de oito a dez bombas nucleares, segundo especialistas europeus.
Em 2015, França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China celebraram um acordo com Teerão, prevendo um enquadramento das atividades nucleares iranianas em troca do levantamento das sanções. Os Estados Unidos, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump, decidiram em 2018 retirar-se do acordo e restabelecer sanções próprias.
O Irão libertou-se então de alguns compromissos, nomeadamente sobre o enriquecimento de urânio.
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