Numa conferência de imprensa realizada para apresentar as conclusões dos observadores da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Paula Cardoso afirmou que as eleições de domingo "foram competitivas e ofereceram aos eleitores uma escolha clara entre alternativas políticas", mas o processo foi alvo de muitas interferências.
"Tudo veio da Rússia, desde os fundos ilícitos canalizados por redes de fachada até às implacáveis campanhas de desinformação, que minaram a confiança pública e geraram incidentes de cibersegurança concebidos para semear o caos", apontou.
Segundo a responsável, as táticas usadas "procuraram manipular a democracia e a soberania".
Ainda assim, sublinhou, a autoridades e o povo moldavos mostraram "resiliência face a um nível de ameaças sem precedentes" conseguindo fazer prevalecer "a tenacidade democrática da nação" e "a integridade dos votos".
A chefe da missão elogiou a forma como o dia das eleições foi preparado, com organização e de forma transparente, mas referiu que algumas decisões da Comissão Eleitoral Central [CEC] puseram em causa a sua imparcialidade.
"Observamos que as decisões do CEC e do tribunal de excluir dois partidos nos últimos dias antes das eleições minaram a segurança jurídica do estatuto dos candidatos e limitaram o seu direito de procurar uma solução eficaz", afirmou.
Ainda assim, Paula Cardoso concluiu que a CEC "geriu os preparativos técnicos das eleições de forma profissional e eficiente".
"Os concorrentes queixaram-se livremente em todo o país, apesar dos extensos esquemas de compra de votos para influenciar os eleitores com identificação credível, da ampla desinformação nas redes sociais" e até da "limitação das reportagens de investigação e analíticas sobre a capacidade dos eleitores para tomarem uma decisão informada", descreveu.
Salientando que as eleições legislativas da Moldova foram consideradas "um momento crucial" para o país -- "como foi evidente pela forte presença dos observadores internacionais" -- a responsável lembrou que a votação era decisiva para a continuidade do processo de integração na União Europeia.
"As eleições e a campanha foram marcadas por um ambiente político polarizado e por profundas divisões em torno da orientação geopolítica do país", disse, adiantando que as autoridades e o povo moldavo conseguiram promover a democracia no país.
"Isto refletiu-se ainda mais no dia das eleições, com os nossos observadores a avaliarem o processo de votação de forma positiva", adiantou.
A missão conjunta de observadores, que incluiu os da OSCE e da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, foi composta por 391 observadores de 50 países, incluindo 245 peritos, 108 observadores parlamentares da OSCE, 24 da Assembleia parlamentar e 14 do Parlamento Europeu.
O partido pró-europeu PAS venceu com mais de 50% dos votos, mantendo a maioria absoluta no parlamento e ficando à frente do Bloco Patriótico pró-Rússia, que obteve menos de 25% dos votos.
Ainda assim, o líder do Bloco Patriótico, o ex-presidente Igor Dodon (2016-2020), reivindicou a vitória e convocou para hoje uma manifestação na capital, Chisinau.
Concluída a contagem de votos das legislativas, a Presidente da Moldova deverá agora nomear um primeiro-ministro do PAS, que formará Governo sem necessidade de coligações.
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