"Pelo que vemos e sabemos, podemos confirmar que centenas de milhares de moldavos foram privados da oportunidade de votar na Rússia porque apenas duas assembleias de voto estavam abertas para eles", lamentou o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Peskov adiantou, no entanto, que Moscovo se absterá de avaliar os resultados das eleições na Moldova por enquanto.
"As avaliações terão de ser feitas depois de vermos a posição das forças políticas [moldavas] em relação a estas eleições", disse, acrescentando que ó Kremlin está ciente de que "algumas forças políticas estão a falar sobre possíveis irregularidades nas eleições".
"Estamos a ouvir e, por isso, seria errado da nossa parte fazer avaliações gratuitas", sublinhou o porta-voz.
Os dois lados das eleições moldavas -- pró-União Europeia e pró-Rússia -- trocaram acusações de manipulação e tentativa de sabotagem durante toda a campanha.
Governo e UE denunciaram uma "profunda ingerência" de Moscovo, que nega as acusações, enquanto os partidos que apoiam uma aproximação à Rússia criticaram as alegadas tentativas de fraude dos resultados eleitorais e a interferência do ocidente.
Desde 01 de agosto, a polícia moldava realizou mais de 600 buscas relacionadas com tentativas de desestabilização, segundo o Governo, e dezenas de pessoas foram presas.
O serviço de cibersegurança da Moldova informou ter detetado várias tentativas de ataques à infraestrutura eleitoral, "neutralizadas em tempo real, sem afetar a disponibilidade ou integridade dos serviços eleitorais".
O dia das eleições foi marcado por uma série de incidentes, desde ameaças de bomba em várias mesas de voto no estrangeiro até ataques cibernéticos às infraestruturas eleitorais e governamentais, passando por eleitores a fotografar os seus boletins de voto e alguns a serem transportados ilegalmente para as mesas de voto.
Três pessoas foram detidas por suspeitas de conspirar para causar distúrbios após a votação.
De acordo com a Comissão Eleitoral Central, cerca de 1,6 milhões de pessoas, ou seja, 52,1% dos eleitores, votaram nas eleições de domingo, sendo que 280 mil o fizeram em mesas de voto instaladas no estrangeiro.
O partido pró-europeu PAS venceu com mais de 50% dos votos, mantendo a maioria absoluta no parlamento e ficando à frente do Bloco Patriótico pró-Rússia, que obteve menos de 25% dos votos.
Ainda assim, o líder do Bloco Patriótico, o ex-Presidente Igor Dodon (2016-2020), reivindicou a vitória e convocou para hoje uma manifestação na capital, Chisinau.
Concluída a contagem de votos das legislativas, a Presidente da Moldova deverá agora nomear um primeiro-ministro PAS, que formará Governo sem necessidade de coligações.
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