O encontro, realizado em Pequim, teve lugar cerca de três semanas depois de o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o Presidente chinês, Xi Jinping, terem celebrado a primeira cimeira em mais de seis anos, na qual prometeram apoio mútuo e cooperação reforçada. Ambos participaram no desfile militar que assinalou, em Pequim, o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, juntamente com o Presidente russo, Vladimir Putin.
A presença conjunta de Kim, Xi e Putin, a primeira do género, foi vista como sinal de uma potencial frente tripartida contra Washington, embora permaneça incerto até que ponto Pequim estará disposta a alinhar num bloco contra os EUA.
Durante a reunião com o homólogo chinês, Wang Yi, a ministra norte-coreana dos Negócios Estrangeiros, Choe Son Hui, citou Kim ao afirmar que o reforço da relação com Pequim é uma "posição inabalável" da Coreia do Norte. Choe manifestou intenção de aprofundar os laços de amizade "em linha com o espírito da cimeira Kim-Xi", segundo a agência oficial norte-coreana KCNA.
Wang defendeu a necessidade de reforçar as comunicações estratégicas e as trocas bilaterais. A agência noticiosa chinesa Xinhua citou ainda o ministro, que sublinhou a oposição da China a "todas as formas de hegemonismo" e a prontidão para cooperar com Pyongyang em assuntos regionais e internacionais.
Choe declarou que a Coreia do Norte está disposta a cooperar estreitamente com a China em fóruns multilaterais para "resistir ao unilateralismo e à política de poder" e promover uma ordem internacional "mais justa e equitativa".
Analistas interpretam estas declarações como uma alusão às disputas paralelas de ambos os países com Washington -- a China na sua rivalidade estratégica com os EUA e a Coreia do Norte pelo programa nuclear.
A KCNA indicou que os dois ministros trocaram pontos de vista sobre questões internacionais e regionais e "atingiram o consenso total", sem dar mais detalhes.
A participação de Kim no desfile militar de Pequim marcou a sua primeira presença num grande evento multilateral em 14 anos de liderança.
Nos últimos anos, Pyongyang aprofundou a cooperação com Moscovo, fornecendo tropas e munições para a guerra na Ucrânia, mas especialistas consideram que Kim procura agora reequilibrar a relação com a China, maior parceiro comercial e principal fonte de ajuda externa. Para Pequim, manter influência sobre a Coreia do Norte é essencial, depois de alegados períodos de arrefecimento nos laços bilaterais.
A atenção volta-se agora para a delegação que a China deverá enviar a Pyongyang em outubro, quando a Coreia do Norte assinalar os 80 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores, num evento esperado com novo desfile militar e exibição de armamento.
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