John Murphy, um cidadão britânico e irlandês de 59 anos, está preso no Dubai devido a um crime pelo qual já foi absolvido há uma década.
Há 10 anos, o homem foi detido e acusado de ofender a segurança de um hotel. Os advogados do então suspeito contaram ao The Mirror que o cliente deveria ter sido libertado, mas as autoridades decidiram mantê-lo sob custódia enquanto aguardava julgamento.
E devido a esta decisão caiu um outro processo sobre Murphy: o senhorio da casa que arrendava nos Emirados Árabes Unidos processou-o por rendas em atraso durante os meses em que esteve detido.
As acusações relativas ao hotel vieram a provar-se falsas em tribunal, e Murphy não teve de cumprir pena. Contudo, o sistema judicial do Dubai continua sem lhe devolver por completo a sua liberdade.
Os advogados de Murphy contaram que, na altura da detenção, os pertences do então suspeito foram apreendidos, foi imposta uma proibição de sair do país e o seu passaporte foi retido pelas autoridades. Até hoje, o britânico continua sem o meio de identificação e sem permissão para sair dos Emirados Árabes Unidos.
Assim sendo, John está há dez anos impedido de viajar, sem poder trabalhar e, por isso, sem forma de pagar as dívidas que tem no país - está num "limbo legal inescapável", que, neste momento, o obriga a viver em situação de sem-abrigo (ilegal no país) e a passar fome.
"Não como há quatro dias", disse Murphy numa mensagem enviada do Dubai.
"Estou nas ruas há três semanas. Tento andar de metro todos os dias para descansar, mas os seguranças expulsam-me", contou. "Tenho de me lavar nas casas de banho de centros comerciais. Tenho as mesmas roupas vestidas há semanas e a minha saúde está cada vez pior", relatou John, que, segundo os seus advogados, tem cancro.
Murphy tentou entregar-se às autoridades, pensando que seria melhor a prisão do que a sua situação atual, mas a polícia recusou-se a detê-lo.
A CEO da organização ‘Detained in Dubai’ considera que a situação é "ultrajante". "O John foi considerado inocente, e, no entanto, 10 anos depois, ele está a passar fome nas ruas, onde lhe é negado o acesso a tratamento oncológico, comida e abrigo", afirmou.
"Isto é o resultado direto de um sistema que criminaliza dívidas e aprisiona pessoas num ciclo de pobreza e desespero. Não o deixam sair e nem sequer o prendem. Estão a deixá-lo morrer", considerou.
A mesma empresa relatou ainda no seu 'site' que "Murphy tem dois processos civis por resolver, incluindo um em Abu Dhabi que remonta a 2017." "Ele mantém que tem provas de que as dívidas estão saldadas, mas diz que não consegue suportar as taxas administrativas necessárias para se defender em tribunal."
Numa página no 'site' de angariação de fundos GoFundMe, um amigo de John apelou às embaixadas britânicas e irlandesas para que tomassem ação e assegurassem o retorno em segurança do ex-militar.
"A administração de Trump conseguiu com sucesso repatriar inúmeros cidadãos americanos dos Emirados Árabes Unidos", começou por dizer. "É uma desilusão que o Reino Unido e a Irlanda não se tenham chegado à frente para salvar John Murphy. Ele é um veterano, um avô, e já sofreu o suficiente", considerou o amigo do britânico, terminando a dizer que o governo tem de agir com urgência para repatriar Murphy.
Leia Também: Duas pessoas morrem na travessia do Canal da Mancha para Reino Unido