"A posição do Irão em relação aos E3 (França, Reino Unido e Alemanha) que desencadearam o processo de reimposição de sanções é clara e consistente: esta é legalmente nula e sem efeito, politicamente perigosa e processualmente falha", disse Abbas Araghchi.
Depois de o Conselho de Segurança da ONU ter rejeitado um adiamento de seis meses, as sanções ao Irão entrarão em vigor no sábado.
O Conselho de Segurança rejeitou uma resolução de adiamento apresentada pela Rússia e pela China, por quatro votos a favor e nove contra (duas abstenções), pelo que a iniciativa não reuniu os nove votos necessários para ser aprovada.
Em declarações à imprensa, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que a "pressão" sobre Teerão não produzirá resultados.
"O Irão nunca cederá à pressão. Apenas respondemos com respeito. A escolha é clarah escalada ou diplomacia", acrescentou Abbas Araghchi.
As sanções entrarão em vigor às 13h00 de Lisboa, de acordo com Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Conhecidas como 'snapback', as sanções foram promovidos por três países europeus, França, Alemanha e Reino Unido - o designado grupo E3 -, que consideram que Teerão não cumpriu os compromissos de limitação do programa nuclear previstos no acordo alcançado em 2015.
O acordo limitou o programa iraniano e foi abandonado pelos Estados Unidos em 2018, enquanto o Irão acusa o E3 não cumpriu a sua parte do acordo.
O vice-embaixador da Rússia, Dmitri Polyansky, disse ao Conselho que o Irão, aliado de Moscovo, agiu "construtivamente" com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), e criticou os países ocidentais.
As resoluções da ONU visam conter o enriquecimento de urânio e o programa de mísseis iraniano e autorizar inspeções de aeronaves e navios da República Islâmica, bem como o congelamento de ativos económicos iranianos em todo o mundo e proibições de viagens a indivíduos e entidades.
Teerão defende que estas sanções da ONU devem ser "focadas na não-proliferação nuclear e militar" e não na economia.
Na sua intervenção no debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou que Teerão "nunca procurou nem procurará" obter armas nucleares, rejeitando as acusações ocidentais nesse sentido, numa altura em que se intensifica a pressão internacional sobre o programa nuclear do país.
"Declaro aqui, mais uma vez, perante esta Assembleia, que o Irão nunca procurou e nunca procurará construir uma bomba atómica. Não queremos armas nucleares", insistiu.
Israel e os Estados Unidos bombardearam em junho as instalações nucleares iranianas, visando atrasar o enriquecimento por Teerão de urânio com teor suficiente para produção de armas nucleares.
A campanha de bombardeamentos durou 12 dias e teve o seu ponto alto a 22 de junho, quando a Força Aérea e a Marinha norte-americanas atacaram as três mais importantes instalações nucleares iranianash as centrais de enriquecimento de combustível de Fordow e Natanz e o Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan.
O resultado do ataque não é consensual, com os governos norte-americano e israelita a reivindicarem uma destruição do programa nuclear iraniano, e outras fontes a darem conta de um atraso mais ligeiro, de apenas alguns meses, até Teerão dispor de urânio para bombas atómicas.
O Irão já está sujeito a inúmeras sanções dos EUA que limitam a capacidade do país persa de negociar com outros países e, especialmente, vender petróleo, gás e derivados.
Apesar disso, a República Islâmica produz 4,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensados e gás natural e exporta 2,6 milhões de barris por dia, principalmente para a China, de acordo com um relatório de junho da Agência Internacional de Energia.
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