Este foi o segundo ano consecutivo em que Netanyahu foi à ONU, organização que acusa de ter posições anti-Israel, para a sessão anual da Assembleia-Geral sem se encontrar com Guterres.
Desde 07 de outubro de 2023, data dos ataques do Hamas contra Israel, Netanyahu não respondeu a vários telefonemas do secretário-geral.
É tradicional os dirigentes que se dirigem ao debate anual das Nações Unidas se encontrarem com o secretário-geral.
Guterres realizou 89 reuniões bilaterais nos últimos seis dias - incluindo com o Presidente norte-americano, Donald Trump, um dos maiores críticos da ONU - e tem outras 58 agendadas, disse o seu porta-voz Stephane Dujarric.
O responsável do gabinete de Guterres não quis comentar os acontecimentos desta manhã, quando dezenas de delegados saíram após Netanyahu começar a falar, deixando a sala praticamente vazia, em protesto contra a guerra em Gaza.
O discurso foi marcado também por apartes e interjeições de delegados que se mantiveram na sala.
O protesto dos delegados torna-se o mais recente sintoma do crescente isolamento de Israel nas Nações Unidas, onde uma maioria cada vez maior de países tem votado contra o Estado hebraico, seja pela guerra de Gaza, pela sua política na Cisjordânia ou pela sua recusa em aceitar um Estado palestiniano.
Numa intervenção na 80.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, Netanyahu frisou que Israel "não cederá" às pressões internacionais e que não descansará enquanto não eliminar o auto-denominado movimento de resistência islâmico (Hamas) e trouxer para casa os 20 reféns vivos, do 48 que estão em poder do Hamas.
Netanyahu insistiu no apelo para o Hamas depor as armas e libertar todos os reféns, vivos ou mortos, "o mais rapidamente possível", pois, caso contrário, os militantes do movimento palestiniano "serão perseguidos".
"Se depuserem as armas e libertarem já todos os prisioneiros, a guerra acaba já hoje", afirmou o primeiro-ministro israelita, elogiando o apoio que tem recebido do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e criticando os países, entre eles Portugal, que recentemente reconheceram o Estado da Palestina.
Nesse sentido, Netanyahu assegurou que a criação de um Estado palestiniano será um "suicídio nacional" para Israel, deixando críticas e avisos a esses países ocidentais.
"Deixo aqui outra mensagem aos dirigentes ocidentais: Israel não permitirá que nos imponham um Estado terrorista. Não cometeremos um suicídio nacional porque não têm coragem de enfrentar os meios de comunicação hostis e as multidões antissemitas que exigem o sangue de Israel", afirmou.
Salientando que Israel está envolvido militarmente em várias frentes - Hamas (Faixa de Gaza), Cisjordânia, Hezbollah (Líbano), Síria, Irão e Iémen - Netanyahu rejeitou as acusações de "genocídio" e garantiu que é o próprio exército israelita que está a alimentar a população do território.
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