A posição de Vladimir Putin foi tomada na sequência de críticas feitas pela presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia, Ella Pamfílova, ao Escritório para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos (ODIHR, na sigla em inglês) da OSCE.
"Precisamos deles? Para que é que pagamos quotas? Não protegem de forma alguma os nossos direitos", argumentou Pamfilova, dando como exemplo o facto de a Rússia não ter autorizado a presença de observadores russos na missão enviada para as eleições do próximo domingo na Moldova.
A responsável da comissão eleitoral considerou que a participação russa "legitimaria, de alguma forma", as conclusões que possam surgir deste organismo e, por isso, instou o Governo "a reconsiderar" se é apropriado fazer parte de um bloco que "se desacreditou completamente".
"Tem razão. É um absurdo que lhes tenhamos dado todas as oportunidades possíveis e nada tenha acontecido", respondeu Putin, prometendo estudar a proposta e consultar o Ministério dos Negócios Estrangeiros e as duas câmaras do parlamento.
"Vamos discutir e refletir sobre isso", acrescentou.
Putin sublinhou considerar vital que a situação política interna se mantenha estável, argumento que já utilizou para justificar as reformas que lhe permitirão permanecer na presidência russa (Kremlin) até 2036.
A recusa em credenciar observadores russos para as eleições legislativas de 28 de setembro já tinha sido, na quarta-feira, alvo de um protesto russo, tendo o Ministério dos Negócios Estrangeiros convocado o embaixador moldavo para criticar a decisão.
"O chefe da missão diplomática moldava recebeu um forte protesto contra a recusa infundada de credenciar representantes russos como observadores de curto prazo na missão de observação da OSCE/ODIHR [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa/Escritório para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos] nas eleições legislativas de 28 de setembro", avançou, em comunicado.
Segundo Moscovo, trata-se de uma "grave violação dos compromissos internacionais de Chisinau".
A posição "é incompatível com os valores democráticos que a liderança moldava afirma professar e constitui mais um exemplo das suas políticas antirrussas", acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
Moscovo acredita que as ações das autoridades moldavas "minam seriamente a confiança na legitimidade das próximas eleições e na transparência do processo eleitoral".
A Presidente da Moldova considerou, na segunda-feira, que a independência e a soberania do país "estão ameaçadas" pelas ações que a Rússia tem alegadamente adotado com vista a influenciar as eleições.
Segundo Maia Sandu, Moscovo está a "tentar comprar" os eleitores moldavos para assumir o controlo do país, situado entre a Ucrânia e a Roménia.
A Moldova, com um Governo e uma Presidente pró-europeístas, realiza no domingo eleições legislativas, vistas como cruciais para o futuro alinhamento político de Chisinau com a União Europeia (UE) ou com Moscovo.
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