"Rejeitamos o chamado colonialismo tecnológico. Não obrigamos os nossos parceiros a depender de soluções russas. Pelo contrário, ajudamo-los a criar a sua própria indústria nuclear soberana", afirmou o Presidente russo, Vladimir Putin, no discurso de abertura, ao lado de dirigentes internacionais.
Pouco antes, o chefe do Governo russo, Serguei Kiriyenko, admitiu que Moscovo procura compromissos de longo prazo.
"As centrais nucleares modernas operam durante 100 anos. Os acordos agora assinados moldarão o futuro", disse Kiriyenko.
Na mesa redonda participaram o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, o responsável da Rosatom, Alexei Lykhachev, e o diretor da Associação Mundial Nuclear, Sama Bilbao y León.
Grossi sublinhou que os resultados de cada central "devem visar exclusivamente fins pacíficos", lembrando os riscos criados pela guerra russa na Ucrânia em instalações como Zaporijia.
O evento, que decorre até domingo, exibe acordos recentes de Moscovo, em particular no Sul Global, incluindo o memorando assinado na quarta-feira com o Irão para a construção de oito reatores em Bushehr, no Golfo Pérsico.
A parceria surge depois da quebra da influência russa no setor energético devido às sanções ocidentais.
Durante a cerimónia, foram transmitidas imagens da partida de camiões que transportam vasos de pressão para a central em construção em El Dabaa, no Egito e empresas ligadas à Rosatom também anunciaram projetos conjuntos com universidades e empresas russas de tecnologia e perfuração.
Países como China, Turquia, Índia, Bolívia, Egito e Bielorrússia aproveitaram a feira para apresentar avanços no setor, enquanto o Irão destacou aplicações médicas da energia atómica.
A Rosatom, organizadora do fórum, exibiu igualmente o papel de empresas recentemente integradas na sua estrutura.
Um dos anúncios de maior impacto foi o contrato assinado com a Bielorrússia para implementar o primeiro ciclo equilibrado de combustível nuclear, que inclui a gestão de resíduos da central bielorrussa e a utilização de materiais reciclados.
Putin revelou ainda que o primeiro sistema russo de circuito fechado começará a operar em Tomsk, na Sibéria, em 2030.
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