Citado pelo jornal palestiniano Filastin, Izat al-Rishq, dirigente da ala política do Hamas, aludia aos apelos para que o movimento entregue as armas no âmbito de um eventual acordo para pôr fim ao conflito.
O responsável do Hamas afirmou que o grupo "lamenta a condenação da resistência por parte do presidente da Autoridade Palestiniana" durante o discurso na conferência internacional em Nova Iorque sobre a questão palestiniana.
"[As declarações de Abbas surgem] num momento em que a ocupação e os colonos estão a causar o caos em localidades e aldeias da Cisjordânia ocupada e perante a mais perigosa guerra de extermínio e erradicação da história do povo palestiniano em Gaza", sustentou al-Rishq.
"A recusa de Abbas em aceitar qualquer papel do Hamas no governo representa uma submissão inaceitável a pressões e ditames externos, um desvio dos pilares das relações nacionais internas e do resultado das rondas de diálogo nacional e dos acordos assinados", prosseguiu o dirigente do Hamas.
Para al-Rishq, tal opção representa "um ataque à vontade do povo palestiniano, capaz de determinar o seu destino e escolher quem quer que o governe".
Para o responsável do auto-denominado movimento de resistência islâmica, "esta posição dececionante" surge ainda depois de os Estados Unidos terem impedido a deslocação de Abbas a Nova Iorque para participar na 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, intervenção que hoje fará por videoconferência.
Al-Rishq salientou também que a posição de Abbas surge "face às políticas claras da ocupação, que afirmam a recusa em criar o Estado palestiniano e os esforços contínuos para enfraquecer a Autoridade Palestiniana, ocupar a Faixa de Gaza, anexar a Cisjordânia e judaizar Jerusalém".
"O povo palestiniano espera que a liderança da Autoridade Palestiniana adote posições nacionais sérias que rompam com a equação que a ocupação tenta impor na cena palestiniana, incluindo a rutura com a tutela externa e a coordenação em matéria de segurança com a ocupação", afirmou.
"Também espera o caminho da unidade nacional perante a ocupação fascista, até que as aspirações do nosso povo à liberdade, dignidade e à criação de um Estado palestiniano com Jerusalém como capital sejam cumpridas", concluiu al-Rishq, cujas palavras refletem a escalada de tensões entre o Hamas e a Fatah, liderado por Abbas.
O Presidente da Autoridade Palestiniana tem defendido em várias ocasiões que o Hamas entregue as armas e chegou mesmo a propor o envio de forças internacionais para Gaza com o objetivo de proteger a população, uma vez alcançado um acordo para o fim da ofensiva israelita, no quadro do seu plano para uma paz no Médio Oriente que inclui a passagem do controlo do enclave para o Governo palestiniano.
A ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, lançada após os ataques de 07 de outubro de 2023, já provocou mais de 65.400 mortos e cerca de 167.000 feridos, segundo as autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, no meio a crescentes críticas internacionais às ações do Exército israelita, em particular quanto ao bloqueio à entrada de ajuda humanitária.
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