"Cinco pessoas foram mortas após a manifestação", declarou à agência de notícias France-Presse (AFP) um agente da polícia de Leh, a principal cidade da região de Ladakh, sob condição de anonimato, uma vez que não estava autorizado a falar com a imprensa.
Já a agência espanhola Europa Press noticiou que cerca de 70 pessoas ficaram feridas nestes confrontos em que a comunidade budista da Caxemira indiana, associada ao movimento Corpo Superior de Leh (LAB), reclama o restabelecimento do estatuto de Estado para a região de Ladakh.
O LAB, uma coligação de líderes políticos, sociais e religiosos que articulam reivindicações de autonomia, incendiaram hoje a sede do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP, ou Partido Popular Indiano), a força política do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder em Nova Deli desde 2014.
As autoridades indianas, que anunciaram um recolher obrigatório na zona, afirmaram que os protestos surgiram depois de 15 ativistas a favor do reconhecimento da autonomia da região sob soberania indiana terem entrado em greve de fome a 10 de setembro.
Os ativistas pediram que a região fosse incluída no Sexto Programa da Constituição indiana, que prevê medidas de autonomia para as tribos autóctones nas regiões montanhosas do nordeste da Índia, mas as autoridades proibiram até agora qualquer aglomeração na zona.
A mobilização foi organizada por ativistas que pedem apoio para Sonam Wangchuk, uma das pessoas que está em greve de fome há 15 dias.
Sonam Wangchuk exige que seja concedido a Ladakh o estatuto de Estado de pleno direito ou garantias constitucionais para os seus povos tribais e indígenas, para que possam fazer as suas próprias leis e definir as suas próprias políticas.
"O descontentamento social irrompe quando os jovens estão desempregados e privados dos seus direitos democráticos", declarou Wangchuk nas redes sociais.
"Mesmo o prometido Sexto Programa (...) não foi implementado", lamentou o ativista, apelando aos residentes para que evitem a violência "aconteça o que acontecer".
Com uma população de cerca 300.000 pessoas, Ladakh, que faz fronteira com a República Popular da China e o Paquistão, enfrenta uma divisão religiosa em que, de acordo com as autoridades locais, em 2011, 46% da população era muçulmana, 40% budista e 12% hindu.
O estatuto atual de Ladakh remonta a agosto de 2019, quando o Governo de Modi revogou o artigo 370.º da Constituição, que garantia a semiautonomia de toda a região.
Esta região montanhosa na região norte de Caxemira é o motivo de tensões entre a China e a Índia, bem como cerca de 60.000 quilómetros quadrados no estado indiano de Arunachal Pradesh, no nordeste do país, que a China considera parte do Tibete.
A Linha de Controlo Atual (LAC), que substitui a fronteira entre os dois países nessa região, passa por Ladakh. A Índia, por seu lado, reivindica o território de Aksai Chin, controlado por Pequim.
As duas potências nucleares mobilizaram dezenas de milhares de soldados para a zona desde os confrontos no Vale de Galwan, em 2020, verificando-se também instabilidade interna entre as várias comunidades religiosas.
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