Os casos relacionados com as superbactérias, que dizem respeito a situações em que estas são resistentes a vários antibióticos, aumentaram cerca de 70% nos últimos anos nos Estados Unidos.
De acordo com um relatório elaborado pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, CDC) e citado pela Associated Press (AP), há apenas dois antibióticos que atuam eficazmente contra os casos em que se verifica o chamado gene NDM - uma enzima que confere resistência a antibióticos.
As conclusões são de um estudo publicado na segunda-feira, e que dá conta de que estes dois antibióticos são caros e que têm de ser administrados via intravenosa.
Segundo explica a AP, as bactérias resistentes a este tipo de gene já foram consideradas 'exóticas', dado que muitos dos casos se relacionavam com casos de pacientes que tinham sido tratados ou estado fora do país. Ainda que os números sejam "diminuídos" na mesma, o especialista David Weiss da Universidade de Emory considera, em declarações à AP: "O aumento de [casos com] NDM nos Estados Unidos é um perigo grave e muito preocupante."
Segundo explica ainda o CDC, é também muito provável que pessoas que têm esta bactéria não o saibam, podendo estas levar à disseminação comunitária, nomeadamente, em consultórios médicos por todos o país. Exemplo disso são infeções do trato urinário, que se podem tornar problemas crónicos, aponta Maroya Walters, uma das autoras do relatório.
De forma sucinta, a resistência antimicrobiana acontece quando germes como bactérias ou fungos ganham resistência aos medicamentos que são, por norma, usados para os tratar. O relatório do CDC aponta que o uso indevido de antibióticos é, por isso um dos principais motivos para o aumento destes casos, já que a toma de receitas mal feita ou mesmo desnecessárias acabam por não matar estas bactérias, tornando-as sim mais fortes.
E números?
O CDC contabilizou 4.341 casos de infecções bacterianas resistentes a esse gene nos 29 estados norte-americanos em estudo em 2023. Especialistas não informaram quantas pessoas infetadas acabaram por morrer.
'Feitas as contas', a taxa de infeção subiu de pouco menos de 2 por 100.000 pessoas em 2019 para mais de 3 por 100.000 em 2023 — um aumento de 69%. Mas a taxa de casos de NDM aumentou de cerca de 0,25 para cerca de 1,35 — um aumento de 460%, disseram os autores.
"Sabemos que houve um grande aumento no uso de antibióticos durante a pandemia, então isso também, provavelmente, se reflete no aumento da resistência aos medicamentos", referiu Jason Burnham, investigador da Universidade de Washington, num e-mail enviado à AP.
Este estudo é, no entanto, apenas parcial em relação ao resto do país, já que só 29 dos 50 estados estão a ser tidos em conta - isto porque, explica a AP, há estados que não estão a dar todos os dados necessários para a participação no estudo da CDC, que é uma das agências do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
Este não é o primeiro relatório a apontar para o aumento destes casos, com o CDC a ter publicado também já em junho uma pesquisa que apontava para o aumento destes casos na cidade de Nova Iorque, entre 2019 e 2024.
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