"Ele continuará a ser [presidente] interino até à realização do congresso, portanto, do convénio", disse o porta-voz do partido, Dinis Tivane, após três dias de reunião do Conselho Nacional, admitindo, entretanto, abertura para candidaturas quando o processo de eleição se aproximar.
Em conferência de imprensa na província de Sofala, centro do país, para marcar o fim do Conselho Nacional do partido, Dinis Tivane disse que, apesar de Venâncio Mondlane ter sido indicado em sessão extraordinária para presidir Anamola interinamente, dentro da formação existem procedimentos normativos a seguir que deverão conduzir às eleições definitivas dos órgãos e dos dirigentes, no congresso do Anamola agendado para junho de 2026.
"Se durante a reunião do Conselho Nacional não saiu nenhuma necessidade de se analisar a sua presidência, então ele continua até ao congresso. Portanto, as pessoas que dizem que Venâncio Mondlane é presidente interino é realmente uma forma correta de expressar diante dos valores jurídicos que norteiam o funcionamento das associações", explicou ainda Dinis Tivane.
O partido Anamola agendou o seu primeiro congresso para a província de Nampula, norte do país, em 20, 21 e 22 de junho de 2026, foi hoje anunciado.
Mais de 300 participantes, entre nacionais e estrangeiros, estiveram nos últimos três dias no primeiro Conselho Nacional do Anamola, na província de Sofala, evento que se iniciou no sábado com o lançamento oficial do movimento político.
Tratou-se da primeira sessão ordinária do Conselho Nacional do Anamola, que tinha entre os assuntos do debate a eleição dos quadros definitivos e a aprovação dos instrumentos internos.
O porta-voz disse que foram aprovados 10 instrumentos jurídicos que vão reger o funcionamento do partido, dentre os quais se destaca o regimento que regula as sessões da formação política e um regulamento disciplinar que identifica os tipos de infrações e as sanções dentro da organização.
O partido aprovou também um regulamento que determina as normas para as eleições das lideranças dentro da formação política.
O primeiro Conselho Nacional do Anamola custou ao partido pouco mais de 5,6 milhões de meticais (74.274 euros), com a formação a declarar défice de pouco mais de um milhão de meticais (14.588 euros). Segundo o porta-voz do partido, este valor serviu para pagar despesas relativas à organização, alojamento, viagens, transporte e comunicações, incluindo atividades culturais.
Em 21 de setembro, Venâncio Mondlane defendeu, na Beira, que a execução orçamental do sistema judicial nacional tem de ser "profundamente, totalmente e absolutamente autónomo", reiterando a necessidade de reformas no sistema eleitoral do país.
O partido Anamola foi aprovado em 15 de agosto pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique, num pedido de registo que deu entrada em abril.
Mondlane, candidato presidencial nas eleições gerais de 2024 e que não reconhece os resultados da votação, contesta a Frelimo, liderada por Daniel Chapo, vencedor do escrutínio de 09 de outubro, num clima de forte agitação social e com registo de cerca de 400 mortos em confrontos com a polícia. Os conflitos cessaram após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à pacificação do país.
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