"O isolamento prolongado da Coreia do Norte alimenta violações dos direitos humanos e enfraquece a paz e a segurança regional e internacional", realçou Türk no Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde apresentou um relatório sobre a situação das liberdades fundamentais naquele país desde 2014.
O relatório, publicado em 12 de setembro, retrata uma "década perdida", segundo Türk, na qual os cidadãos norte-coreanos continuaram a ser "silenciados, monitorizados, explorados e controlados em todos os aspetos das suas vidas".
O documento denuncia ainda as contínuas execuções públicas, o trabalho forçado de quase toda a população sob a forma de "brigadas de choque" e a existência de pelo menos quatro prisões para presos políticos.
Além disso, um dos estados mais isolados do planeta criminaliza qualquer pessoa que tente aceder a informação externa, incluindo penas de morte para atos como a partilha de filmes, música ou séries de televisão estrangeiras.
Türk acrescentou hoje, perante o conselho, que não há progressos na procura de informações sobre cidadãos japoneses, sul-coreanos e outros que, há algumas décadas, foram raptados no estrangeiro por agentes norte-coreanos.
Segundo as conclusões do relatório, todos os abusos ocorrem no contexto de um país em grave crise, onde cerca de 40% da população está subnutrida.
Türk denunciou ainda os elevados níveis de discriminação no país devido ao sistema social 'songbun' (castas sociais), que classifica a população de acordo com a origem familiar, a lealdade política e a conduta pessoal.
A investigação apresentada ao conselho, compilada, entre outras fontes, com testemunhos de mais de 300 norte-coreanos que fugiram do país, concluiu que nenhuma outra população no mundo está atualmente sujeita a um escrutínio tão intenso como o sofrido pelos cidadãos do país asiático.
O relatório do Gabinete de Direitos Humanos da ONU apela às autoridades norte-coreanas para que abolirem a pena de morte, abandonem práticas como a tortura e os maus-tratos a detidos e retomem os reencontros entre familiares separados pelo conflito intercoreano após sete anos de ausência.
Leia Também: ONU condena ataque a Doha como golpe contra mediação em todo o mundo