Em agosto passado, Grossi avançou que ia apresentar a sua candidatura à liderança da ONU.
O segundo mandato de António Guterres à frente das Nações Unidas termina a 31 de dezembro de 2026. Ainda não há uma lista oficial de candidatos para lhe suceder, mas Rafael Grossi já assumiu a intenção de avançar.
"A ONU está numa posição complicada no momento" porque agora há um "reconhecimento comum" de que já não está a cumprir a sua missão de manter a paz no mundo, disse o responsável da agência de energia nuclear, numa entrevista à agência France-Presse (AFP) à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que decorre esta semana em Nova Iorque.
"Acredito que é possível ter uma ONU que conta", comentou ainda, defendendo: "Temos de nos concentrar" na sua missão principal.
Para Grossi, "por querer fazer tudo, acaba-se por não fazer nada".
O atual líder da AIEA não nega a importância do desenvolvimento, dos direitos humanos e das questões ambientais.
"Se disser que está preocupado com (...) a multiplicação dos conflitos, a multiplicação da violência, é um pouco hipócrita focarmo-nos noutras coisas, certamente importantes, mas não podemos esquecer a carta que diz que este lugar foi criado para nos poupar aos horrores da guerra", opinou.
O diplomata argentino acredita que poderia contar com a sua experiência à frente da AIEA, onde está empenhado em dialogar "com todos" e em ser "um intermediário aceite por todos".
"Então, sim, serei candidato por esses motivos, é tão simples quanto isso", disse.
Questionado sobre os possíveis apoios à sua candidatura, sublinhou ser "prematuro dizer".
"Há especulações e não vou entrar nessas discussões. No final, espero conseguir o máximo de apoio possível", concluiu.
O secretário-geral da ONU é nomeado pela Assembleia-Geral, mas por recomendação do Conselho de Segurança, o que significa que os cinco membros permanentes (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido) podem bloquear um candidato.
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