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Guterres alerta para "onda de misoginia" a espalhar-se pelo mundo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou hoje para uma "onda de misoginia" a espalhar-se pelo mundo e para o facto de que conquistas duramente alcançadas em relação à igualdade de género estarem atualmente "sob ataque".

Guterres alerta para "onda de misoginia" a espalhar-se pelo mundo

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Lusa
22/09/2025 16:31 ‧ há 2 semanas por Lusa

Mundo

ONU

Numa reunião de alto nível em que se assinalou o 30.º aniversário da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, Guterres avaliou que o progresso idealizado em Pequim há 30 anos tem sido lento e desigual, frisando que "nenhuma nação" alcançou a igualdade plena para as mulheres e raparigas.

 

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número cinco, que diz respeito à igualdade de género, "está muito atrasado" e, enquanto isso, "multiplicam-se os conflitos e os desastres climáticos", sendo que os "direitos humanos das mulheres e das meninas são vítimas de ambos", afirmou Guterres.

"Barreiras culturais e estruturais permanecem enraizadas. A tecnologia está a espalhar ódio como um vírus. E uma onda de misoginia está a espalhar-se pelo mundo. Sejamos claros: a igualdade de direitos e de oportunidades não é uma questão partidária. São imperativos globais e a base da paz, da prosperidade e do progresso", defendeu o líder da ONU.

O antigo primeiro-ministro português salientou que em cada região, em cada país e em cada comunidade, mulheres e raparigas lutam pelos seus direitos e exigem liberdades, combatem práticas abusivas, mobilizam-se por proteções legais e organizam-se para ocupar o seu lugar de direito à mesa nas decisões e nos processos de paz.

"As Nações Unidas apoiam estes esforços. Todos os líderes devem fazer o mesmo", instou, deixando claro "que a tradição não pode desculpar a opressão".

O secretário-geral indicou que, no início deste ano, os Estados-membros deram um importante passo em relação a este assunto, com a adoção de uma nova declaração política em que se comprometeram a implementar a Declaração e a Plataforma de Ação de Pequim -- "de forma rápida e integral".

"Todos os países devem assumir esta responsabilidade. Precisamos de um apoio forte e visível aos mais altos níveis -- e de planos concretos, suportados por investimentos reais", apelou.

No universo das Nações Unidas, Guterres disse que a organização conseguiu alcançar e manter a paridade de género entre altas lideranças.

"Continuaremos a trabalhar para alcançar a paridade de género em toda a organização", assegurou.

Contudo, apesar desses esforços, nunca a ONU foi liderada por uma mulher.

No final do próximo ano, António Guterres terminará o seu segundo mandato e será eleito um novo secretário-geral da ONU, havendo uma forte pressão para que o cargo seja ocupado por uma mulher, o que seria a primeira vez em 80 anos de organização.

Contudo, a possibilidade da substituição de Guterres por uma mulher parece estar a perder força, visto que a América Latina --- a região que, segundo um forte consenso, deverá apresentar um candidato à sucessão --- não conseguiu chegar a um acordo sobre um nome, sendo que vários estão a ser considerados sem apoio suficiente.

"Há 30 anos, a Declaração de Pequim declarou os direitos das mulheres como direitos humanos. Hoje, nesta sala, precisamos de ouvir como vão tornar estas ambições realidade", disse Guterres, dirigindo-se aos líderes presentes no evento, celebrado durante a Semana de Alto Nível da 80.ª Assembleia-Geral da ONU.

"Deixem-nos ouvir os vossos compromissos. Deixem-nos ver os vossos planos. Deixem-nos alcançar a igualdade para as mulheres e raparigas de que o nosso mundo tanto necessita", concluiu.

A reunião de hoje refletirá sobre o progresso alcançado desde a histórica conferência de 1995 em Pequim e destacará conquistas, melhores práticas, lacunas e desafios contínuos no avanço da igualdade de género em todo o mundo.

Leia Também: 80 anos da ONU? Guterres defende: "Único caminho possível é o da unidade"

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