"A questão não é se devemos reconhecê-lo, mas sim quando o fazer. Acredito que chegámos a um ponto em que devemos considerar seriamente o que conduz de forma verdadeira, prática e eficaz à solução de dois Estados, que o Japão tem apoiado consistentemente", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Takeshi Iwaya, numa conferência de imprensa, na sexta-feira.
O jornal local Asahi citou na quarta-feira fontes governamentais que atribuíram a decisão do Japão ao desejo de não prejudicar a relação com os Estados Unidos nem provocar o endurecimento da posição de Israel.
Iwaya enfatizou que Tóquio "não tolera ações unilaterais de Israel", incluindo a ofensiva na Faixa de Gaza, as restrições à ajuda humanitária e a anexação da Cisjordânia, e alertou que mantém "todas as opções" em aberto, incluindo o reconhecimento da Palestina como Estado, caso a situação se agrave.
O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês falou, também na sexta-feira, com o homólogo israelita, Gideon Saar, exigindo um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e manifestando preocupação com a deterioração da situação humanitária.
Iwaya conversou também com o homólogo palestiniano, Varsen Aghabekian, a quem reiterou o apoio do Japão à solução de dois Estados e às reformas na Autoridade Nacional Palestiniana.
Horas antes, a Presidência da França anunciou que dez países, entre os quais Portugal, vão reconhecer um Estado palestiniano na segunda-feira, na conferência em Nova Iorque.
Nessa conferência, estarão representados "dez países que decidiram proceder ao reconhecimento do Estado da Palestina", indicou um conselheiro do Presidente francês, Emmanuel Macron, à comunicação social.
Além de França, que está por detrás da iniciativa, e de Portugal, os outros Estados "são Andorra, Austrália, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Malta, Reino Unido e São Marino", acrescentou.
Mais tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou que Portugal vai reconhecer o Estado da Palestina, mas já no domingo, na véspera da conferência.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros confirma que Portugal vai reconhecer o Estado da Palestina, como o ministro Paulo Rangel já havia antecipado esta semana", indicou, num comunicado.
Assim, a "Declaração Oficial de Reconhecimento terá lugar ainda antes da Conferência de Alto Nível da próxima semana", organizada pela França e Arábia Saudita na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O governo português tinha anunciado que iria ouvir o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os partidos com assento parlamentar sobre a possibilidade de Lisboa reconhecer o Estado palestiniano.
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