Segundo fontes citadas pela agência noticiosa francesa AFP, este compromisso surgiu apenas para os 27 não chegarem de "mãos vazias" à Assembleia Geral da ONU na próxima semana e à COP30, que decorrerá em novembro no Brasil.
Sem chegarem a uma decisão definitiva, os 27 Estados-membros aprovaram uma faixa de redução das suas emissões entre -66,25% e -72,5% em relação a 1990, que será refinada caso cheguem a um acordo nas próximas semanas ou meses, adianta a AFP.
A Dinamarca, que detém atualmente a presidência rotativa da União Europeia (UE), apresentou este compromisso para mostrar que a Europa não renunciou à sua liderança ambiental, apesar das diferenças entre os Estados.
O assunto era urgente e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deverá defender as ambições climáticas da Europa na próxima quarta-feira, em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU e na COP30, a principal conferência climática da ONU, que começa a 10 de novembro.
O documento aprovado hoje, após duras negociações entre ministros do Ambiente reunidos numa cimeira em Bruxelas, é apenas uma "declaração de intenções" e não um compromisso firme, adiantam as fontes citadas pela AFP.
"É uma não decisão", criticou o eurodeputado centrista Pascal Canfin.
Está "longe do ideal", mas "é a melhor opção" nesta fase, alertou Elisa Giannelli, do "think tank" E3G, acrescentando que "permite à UE salvar a face internacionalmente".
Os europeus estão satisfeitos com isso porque não conseguem chegar a um acordo sobre a sua meta climática para 2040, acrescenta a AFP.
O comissário europeu Wopke Hoekstra procurou tranquilizar as opiniões, afirmando estar "convencido" de que os europeus conseguirão "resolver a questão de 2040 antes da COP30, em Belém", no Estado brasileiro do Pará, disse.
"Em última análise, continuaremos a ser os mais ambiciosos ou entre os mais ambiciosos" em questões climáticas, insistiu.
A reunião dos ministros do Ambiente de hoje ficou marcada por divergências profundas, referindo a AFP que a UE, abalada pela ascensão da extrema direita nas eleições europeias de junho de 2024, está muito menos proativa em questões ambientais do que na legislatura anterior.
A ecologia luta para encontrar um lugar na agenda, num contexto geopolítico tenso, numa altura em que parece cada vez mais distante a meta proposta pela Comissão Europeia de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 90% até 2040, em comparação com o estipulado em 1990.
Dinamarca, Suécia e Espanha pressionam por esta meta, mas países como a Hungria e a República Checa opõem-se, em nome da proteção de suas indústrias, e a França permanece cautelosa.
A Comissão Europeia teve uma iniciativa no início de julho passado, ao propor flexibilidade no método de cálculo, abrindo a possibilidade de adquirir créditos de carbono internacionais, de até 3% do total, que financiariam projetos fora da Europa.
Contudo, a Comissão Europeia manifestou-se hoje confiante de que a UE continuará a assumir "um papel de liderança" nas metas climáticas, apesar das divisões internas sobre a trajetória de redução das emissões de gases poluentes até 2040.
A ministra do Ambiente portuguesa, Maria da Graça Carvalho, rejeitou hoje que a União Europeia tenha feito uma marcha-atrás nos objetivos para debelar as alterações climáticas, apesar de os governantes quererem deixar as decisões para o Conselho Europeu.
Em declarações aos jornalistas, enquanto ainda decorria uma reunião ministerial em Bruxelas, capital belga e onde estão localizadas as principais instituições europeias, Graça Maria Carvalho rejeitou que haja um recuo nas ambições climáticas.
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