Um relatório da agência meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU) indicou que, no último ano, foram registados caudais abaixo da média das três décadas anteriores em 32% das bacias, especialmente nas Américas e na África do Sul, enquanto foram superiores em outros 26%, com exemplos na Europa, subcontinente indiano e em grande parte da China.
Apenas um terço das bacias hidrográficas do mundo apresentaram valores normais, enquanto todas as regiões glaciares registaram perdas devido ao degelo, segundo o relatório da OMM.
"Os recursos hídricos do mundo estão sob crescente pressão e, ao mesmo tempo, a intensificação dos eventos extremos relacionados com a água está a ter um impacto crescente nas vidas e nos meios de subsistência", disse secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, citada em comunicado.
Este é o terceiro ano consecutivo em que os cientistas registam uma perda generalizada de gelo em todas as regiões glaciares.
"No total, perderam-se 450 gigatoneladas, o equivalente a um gigante bloco de gelo com 7 km [quilómetros] de altura, 7 km de largura e 7 km de comprimento, ou água suficiente para encher 180 milhões de piscinas olímpicas", afirmou a OMM.
Esta quantidade de água de degelo acrescenta cerca de 1,2 milímetros (mm) ao nível global do mar num único ano, aumentando o risco de inundações em zonas costeiras.
A África Tropical sofreu com chuvas excecionalmente fortes em 2024, provocando aproximadamente 2.500 mortos e desalojando quatro milhões de pessoas.
A OMM recordou também que a Europa teve as inundações mais significativas desde 2013, enquanto as regiões da Ásia e do Pacífico sofreram chuvas recorde e ciclones tropicais, que mataram mais de 1.000 pessoas.
Nos últimos seis anos, apenas cerca de um terço das bacias hidrográficas apresentaram condições normais de caudal em comparação com a média de 1991-2020. Os outros dois terços tiveram excesso ou escassez de água, evidenciando "um ciclo hidrológico cada vez mais irregular".
De acordo com a ONU, cerca de 3,6 mil milhões de pessoas não têm acesso adequado à água durante pelo menos um mês por ano. Prevê-se que este número ultrapasse os cinco mil milhões até 2050.
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