"O Presidente, Ram Chandra Paudel, vai nomear Sushila Karki como primeira-ministra, após acordo de todas as partes", disse à agência de notícias francesa France-Presse (AFP) o assessor de imprensa do chefe de Estado, Kiran Pokharel, acrescentando que a sua tomada de posse terá lugar esta noite.
"Será então formado um conselho de ministros", acrescentou.
"Temos um acordo", disse à AFP um dos representantes dos manifestantes, Nimesh Shrestha, confirmando a nomeação de Karki e a acrescentando que "o Parlamento será dissolvido".
A nomeação desta magistrada, conhecida pela sua independência, surge após dois dias de intensas negociações organizadas pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Ashok Raj Sigdel, com o Presidente nepalês.
A crise - a mais mortífera no Nepal desde a abolição da monarquia em 2008 - começou na segunda-feira, quando a polícia abriu fogo contra jovens manifestantes que denunciavam o bloqueio das redes sociais e a corrupção das elites.
Pelo menos 30 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas nos distúrbios em curso, disseram hoje as autoridades.
A revolta, iniciada por jovens contra uma lei que proíbe 26 plataformas de redes sociais e contra um Governo que consideram corrupto e ilegítimo, visou vários símbolos do poder político, administrativo e económico.
Durante os protestos, manifestantes atacaram e incendiaram o parlamento, o complexo administrativo, que alberga gabinetes ministeriais e o gabinete do primeiro-ministro.
Também o Supremo Tribunal ficou destruído pelo fogo, paralisando o sistema judicial, bem como o palácio presidencial, a residência oficial do primeiro-ministro e diversas prisões, resultando na fuga de vários reclusos.
Várias esquadras de polícia e controlos fronteiriços foram visados pelos manifestantes, que não se limitaram a atacar infraestruturas do Estado e preconizaram ataques direcionados às residências privadas do primeiro-ministro, do ministro das Comunicações e do antigo primeiro-ministro, Jhalanath Khanal, que resultou na morte da sua mulher.
Os ataques visaram não só o Governo, mas também as estruturas que consideram cúmplices do sistema.
Leia Também: Aumentam para 30 mortos e mais de mil feridos vítimas de distúrbios no Nepal