"O primeiro-ministro espanhol disse (...) que Espanha não pode travar a batalha de Israel contra os terroristas do Hamas porque 'Espanha não possui armas nucleares'. Esta é uma flagrante ameaça genocida contra o único Estado judaico do mundo", declarou Netanyahu na sua conta no X.
"Aparentemente, a Inquisição espanhola, a expulsão de judeus de Espanha e o assassinato sistemático em massa de judeus durante o Holocausto não são suficientes para Sánchez. Incrível", acrescentou o líder israelita sobre o chefe de governo socialista espanhol.
As declarações de Netanyahu foram uma resposta a Sánchez, que na segunda-feira anunciou um pacote de nove medidas contra Israel pelo que chamou de "genocídio" em Gaza.
Estas medidas incluem a consolidação legal do embargo de armas, a proibição de entrada em Espanha de pessoas envolvidas nestas ações e o aumento da ajuda humanitária.
"Espanha, como sabem, não possui bombas nucleares, nem porta-aviões ou grandes reservas de petróleo. Sozinhos, não podemos travar a ofensiva israelita. Mas isso não significa que deixaremos de tentar. Porque há causas pelas quais vale a pena lutar, mesmo que vencê-las não esteja nas nossas mãos", disse Sánchez numa intervenção no Palácio da Moncloa para anunciar as medidas.
O governo espanhol reagiu às afirmações de hoje de Netanyahu, que descreveu como "falsas e caluniosas", sublinhando que "o povo espanhol é amigo do povo de Israel e do povo da Palestina".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol reiterou que condenou "de imediato" o "ataque atroz cometido a 07 de outubro [de 2023] pelo grupo terrorista Hamas" e que exige "desde o primeiro dia a libertação incondicional de todos os reféns", mas também que "com a mesma determinação" apela à "cessação imediata da violência interminável em Gaza".
O comunicado recorda que foi este mesmo governo que adotou a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, na sigla inglesa) e aprovou em 2023 o primeiro Plano Nacional contra o Antissemitismo.
Afirma ainda que Espanha "rejeita qualquer forma de antissemitismo, racismo, xenofobia ou intolerância" e nos últimos anos acolheu como cidadãos 72 mil judeus sefarditas, em resultado de legislação específica.
No entanto, "com a mesma determinação", exige o fim imediato da interminável violência em Gaza, dos constantes ataques contra a população civil, a entrada imediata de toda a ajuda humanitária atualmente bloqueada pelo governo israelita e o respeito pelos direitos humanos mais básicos da população palestiniana e pelo direito internacional humanitário.
Madrid reitera que Espanha defende como "o único caminho para a paz" a existência de dois Estados, a Palestina e Israel, "vivendo juntos em boa vizinhança e com garantias recíprocas de paz e segurança".
Reafirma ainda que continuará a apoiar o trabalho dos tribunais internacionais "para esclarecer o que se tem passado em Gaza desde 2023", tanto no que diz respeito à investigação de crimes contra a humanidade contra vários líderes israelitas pelo Tribunal Penal Internacional como ao processo perante o Tribunal Internacional de Justiça contra o Estado de Israel no âmbito da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.
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