"Digo ao Qatar e a todas as nações que abrigam terroristas: devem expulsá-los ou levá-los à justiça. Porque se não o fizerem, nós faremos", avisou Benjamin Netanyahu num vídeo divulgado pelo seu gabinete.
O chefe do Governo de Israel comparou a operação levada a cabo na terça-feira pelas forças israelitas, que matou seis pessoas, das quais cinco eram elementos do Hamas, à retaliação dos Estados Unidos aos atentados de 11 de setembro de 2001, executados pela organização terrorista Al-Qaida em Nova Iorque e Washington.
"Recordamos o 11 de setembro. Nesse dia, os terroristas islâmicos cometeram a pior barbárie em solo norte-americano desde a fundação dos Estados Unidos. Temos também um 11 de setembro", declarou Netanyahu, referindo-se aos massacres liderados pelo Hamas em solo israelita em 2023, que mataram cerca de 1.200 pessoas e desencadearam o atual conflito na Faixa de Gaza.
O chefe do Governo israelita frisou que se tratou da "pior barbárie contra o povo judeu desde o Holocausto", insistindo na comparação com os ataques do 11 de setembro, na véspera do 24.º aniversário, e da ofensiva militar que os Estados Unidos conduziram de seguida no Afeganistão.
"O que fizeram os Estados Unidos depois do 11 de setembro? Prometeram caçar os terroristas que cometeram este crime atroz, onde quer que estivessem", observou.
O ataque israelita em Doha, condenado pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, teve como alvo uma delegação negocial do Hamas, que estava reunida para analisar uma proposta norte-americana de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Netanyahu referiu que os Estados Unidos também aprovaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU a determinar que os governos "não podem fornecer refúgio seguro aos terroristas" e que a ação israelita em Doha seguiu o mesmo sentido, ao perseguir "os mentores do massacre de 07 de outubro".
O líder israelita acusou o Qatar de fornecer um "refúgio seguro" para os membros do Hamas, acrescentando que as autoridades de Doha financiam o grupo palestiniano e ainda fornecem "casas sumptuosas" aos líderes.
O Qatar "dá-lhes tudo", resumiu o primeiro-ministro israelita, insistindo que Israel fez "exatamente a mesma coisa" na terça-feira que os Estados Unidos já tinham feito quando perseguiram a Al-Qaida no Afeganistão e eliminaram o antigo líder Usama bin-Laden no Paquistão.
Netanyahu disse também que os "países que condenam" Israel pelo ataque em Doha "deviam ter vergonha" depois de terem aplaudido os Estados Unidos na luta contra o terrorismo islâmico.
"Deviam aplaudir Israel por defender os mesmos princípios e pô-los em prática", argumentou o primeiro-ministro israelita.
O Qatar considerou que se tratou de uma ação cobarde e uma violação da soberania.
O ataque ocorreu numa fase em que Israel tem em curso uma operação militar para ocupar a cidade de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de habitantes, numa região que a ONU declarou enfrentar uma situação de fome.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que provocou acima de 64 mil mortos, na maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, destruiu a quase totalidade das infraestruturas do território e provocou um desastre humanitário sem precedentes na região.
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