Os democratas do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes divulgaram, na segunda-feira, uma carta sexualmente sugestiva destinada a Jeffrey Epstein, que terá sido assinada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar de o magnata e de a Casa Branca o terem negado, a assinatura do bilhete corresponde à rubrica usada por Trump em notas pessoais, de acordo com uma análise do The New York Times.
A missiva constava de uma cópia do álbum que assinalava o 50.º aniversário de Epstein, como parte de um lote de documentos do espólio do abusador sexual.
De facto, o documento agora divulgado parece corresponder à carta descrita em julho pelo The Wall Street Journal. Na altura, o jornal noticiou que, entre as missivas que Epstein recebeu no 50.º aniversário, em 2003, havia uma com o nome de Trump e um desenho de uma mulher nua, com a palavra ‘Donald’ na zona púbica.
De acordo com o mesmo meio, a antiga assistente e namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell, que está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por ser cúmplice do magnata, recolheu cartas de Trump e de outros associados de Epstein para as incluir num álbum como presente.
O chefe de Estado não só negou ser o autor da carta, como entrou com um processo de 10 mil milhões de dólares (8,5 mil milhões euros) contra o jornal.
"Estas não são minhas palavras, não é a maneira como eu falo. Além disso, eu não desenho", disse, na ocasião.
Que dizia, afinal, a carta?
O documento, tal como poderá ver abaixo, inclui um diálogo imaginado entre Trump e Epstein, emoldurado por um contorno desenhado à mão do que aparenta ser o corpo de uma mulher.
"Em voz off: deve haver mais na vida do que ter tudo", lê-se.
Inicia-se, depois, a conversa entre as personagens, que arranca com Trump a admitir que "sim, existe, mas não vou dizer-lhe o que é".
"Nem eu, já que também sei o que é", complementa Epstein.
A personagem Donald dirige-se diretamente a Jeffrey, apontado que têm "certas coisas em comum".
© OversightDems
"Sim, temos, se pensarmos nisso. […] De facto, ficou claro para mim na última vez que o vi", replica o abusador sexual.
Donald, por seu turno, questiona: "Os enigmas nunca envelhecem, já reparou nisso?"
A carta termina com uma intervenção de Trump, que realça que "um amigo é uma coisa maravilhosa".
"Feliz aniversário - e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso", lê-se.
Após a divulgação da missiva, o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, publicou fotografias da assinatura de Trump e identificou a empresa detentora do The Wall Street Journal, a News Corp., na rede social X (Twitter).
Time for @newscorp to open that checkbook, it’s not his signature. DEFAMATION! https://t.co/O6iKk4SYF5 pic.twitter.com/T0wlp36P9h
— Taylor Budowich (@TayFromCA) September 8, 2025
"Está na hora de a News Corp abrir o livro de cheques, a assinatura não é dele. DIFAMAÇÃO!", escreveu.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, também negou que Trump tenha escrito qualquer carta, ao mesmo tempo que denunciou as "informações falsas destinadas a alimentar a conspiração democrata".
No entanto, e de acordo com uma análise do The New York Times, a assinatura no cartão destinado a Epstein tem apenas o primeiro nome de Trump, rubrica que termina com uma cauda e que é reservada para notas pessoas. Já as fotografias partilhadas por Budowich incluem o nome completo do magnata, sem a típica cauda.
© The New York Times
Após anos de especulação, o Congresso está a ser alvo de pressão bipartidária para a divulgação dos chamados arquivos de Epstein. Os pedidos partiram de republicanos, incluindo do vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, antes de assumir o cargo.
No início de julho, o Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ) disseram não haver provas da existência de uma "lista de clientes" chantageados por Epstein, e que o abusador sexual colocou termo à vida.
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