O governo francês, liderado por François Bayrou caiu esta segunda-feira, dia 8 de setembro, depois de ter sido chumbada a moção de confiança pela Assembleia Nacional, que votou maioritariamente contra.
Um total de 364 deputados votaram contra a moção de confiança levada pelo governo ao parlamento, enquanto 194 votaram a favor, forçando assim a queda do governo.
Uma fonte próxima do primeiro-ministro disse à AFP que François Bayrou deverá apresentar a sua demissão ao presidente Emmanuel Macron na manhã de terça-feira.
François Bayrou, note-se, estava no cargo há nove meses e justificou a convocação desta moção de confiança como uma "prova da verdade" face à urgência de reduzir a dívida.
Pela primeira vez na história da Quinta República, um governo caiu durante uma moção de confiança, segundo a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, que referiu que dos 589 deputados que compõem a Câmara, 573 estiveram presentes e, destes, 558 votaram.
L'Assemblée a désapprouvé la déclaration de politique générale du Premier ministre.
— Assemblée nationale (@AssembleeNat) September 8, 2025
En application de l’article 50 de la Constitution, il doit présenter la démission du Gvt au Président de la République.
️ Suffrages exprimés : 558 | Pour : 194 | Contre : 364#DirectAN pic.twitter.com/dKcjKjNEt1
Depois do anúncio do resultado da votação, solicitada pelo próprio Bayrou, este deixou a Assembleia Nacional sem fazer declarações.
Após a apresentação da demissão do Governo centrista, o chefe de Estado francês deverá nomear um primeiro-ministro, que se encarregará de constituir um novo governo.
O presidente dos deputados do Partido Socialista, Boris Vallaud, falou de um momento "bastante triste" e "bastante grave" na Assembleia Nacional após a queda de François Bayrou, devido à falta de apoio à sua proposta de orçamento do Estado para 2026, em que previa 44 mil milhões de euros de poupanças para reduzir a dívida do país.
Já a presidente dos deputados da França Insubmissa (LFI, esquerda radical), Mathilde Panot, saudou o resultado da votação de confiança, perante a imprensa presente à saída da Assembleia Nacional.
"O senhor Bayrou queria uma hora da verdade, e creio que a teve", afirmou Mathilde Panot, acrescentando que "a partir de amanhã", terça-feira, o partido apresentará uma moção de destituição contra Macron.
Para a presidente do grupo LFI, o facto de quase dois terços dos deputados terem votado contra a confiança mostra que "a política macronista (...) é minoritária tanto na Assembleia Nacional como no país".
"Perante esta impostura que vem a lume, não queremos mais um primeiro-ministro que continue a mesma política, e a questão que se coloca ao país é a da saída de um Presidente da República que se recusa a respeitar a soberania do povo", referiu.
Saliente-se que, desde o início do segundo mandato do Presidente francês, Emmanuel Macron, em maio de 2022, sucederam-se na liderança do Executivo Elisabeth Borne (até janeiro de 2024), Gabriel Attal (até setembro de 2024), Michel Barnier (até dezembro de 2024) e agora François Bayrou.
O presidente francês, cada vez menos popular e prestes a enfrentar algumas manifestações que prometem parar o país, terá duas opções: escolher um novo primeiro-ministro de direita ou do centro que seja aceite pelo PS ou convocar eleições antecipadas, podendo ambas mergulhar a França numa nova crise política.
[Notícia atualizada às 18h50]
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