Netanyahu transmitiu esta mensagem aos pais dos dois reféns - Guy Gilboa Dalal e Alon Ohel - numa conversa telefónica que manteve com eles após a divulgação pelo Hamas do vídeo hoje, quando se completam 700 dias desde o início da guerra de Israel na Faixa de Gaza, informou o seu gabinete num comunicado.
No texto, o chefe do Governo israelita reitera que a ofensiva poderá acabar "de imediato" se o Hamas aceitar as condições estabelecidas por Israel: a libertação de todos os reféns, o desarmamento do grupo palestiniano e a desmilitarização da Faixa de Gaza; o controlo israelita da segurança naquele enclave palestiniano e a criação de um "governo civil alternativo que não represente uma ameaça para Israel".
"Quem realmente deseja o regresso dos 48 reféns, seja para a sua recuperação ou para um funeral digno, deve enviar imediatamente a equipa negocial para a mesa de negociações. Quem realmente deseja o regresso dos reféns deve impulsionar o acordo", afirmou o Fórum dos Reféns e Familiares Desaparecidos num comunicado, após as palavras de Netanyahu.
Hoje, completam-se 700 dias desde o início da guerra de Israel na Faixa de Gaza e não há quaisquer sinais de um acordo de cessar-fogo a curto prazo.
O Governo israelita continua a apostar na pressão militar para recuperar os reféns, além de prosseguir os seus planos de tomar o controlo total da cidade de Gaza.
Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, pelo menos 64.300 mortos, na maioria civis, e 162.005 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 2.362 e ferido pelo menos 17.434.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.
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