"O facto é que o exército permitiu que um militar instável e com problemas mentais entrasse na comunidade sem qualquer aviso, sem quaisquer protocolos, sem qualquer plano para manter a nossa comunidade segura", disse o advogado Travis Brennan na conferência de imprensa referindo-se ao autor do tiroteio, Robert Card.
Em outubro de 2023, o reservista Robert Card matou 18 pessoas, entre os 14 e os 76 anos, quando abriu fogo numa pista de bowling, num bar e numa churrascaria, no estado de Maine.
O reservista, que feriu ainda 13 pessoas durante o tiroteio, suicidou-se dois dias depois do incidente.
A ação, interposta em tribunal federal em nome de mais de 100 sobreviventes e familiares das vítimas, refere que a conduta do governo "causou direta e proximamente o tiroteio em massa".
Os sobreviventes acusam ainda o exército de "violar políticas, procedimentos obrigatórios e de desrespeitar as diretivas e ordens".
Uma comissão independente nomeada pela governadora do Maine, Janet Mills, concluiu posteriormente que existiam inúmeras oportunidades de intervenção, tanto por parte de oficiais do exército como de agentes da polícia civil.
"Em março de 2023, os Estados Unidos e o seu pessoal sabiam que Card era paranoico, delirante, violento e não tinha controlo de impulsos. O exército sabia que ele tinha acesso a armas de fogo, referiu a comissão.
"O exército prometeu retirar-lhe as armas, mas não cumpriu essa promessa", indicou a organização de Maine.
A comissão referiu ainda que "O exército omitiu informações e enganou ativamente as autoridades locais, impedindo assim que outros interviessem e separassem Card das suas armas".
De acordo com a AP, Robert Card foi hospitalizado pelo Exército em julho de 2023 e os oficiais da Reserva reconheceram que ninguém se certificou de que Card estava a tomar a sua medicação ou a cumprir os cuidados de acompanhamento em casa, em Bowdoin, no Maine.
Os oficiais do Exército conduziram a sua própria investigação após os tiroteios, segundo o chefe da Reserva do Exército Jody Daniels.
"Uma série de falhas na liderança da unidade", foram detetadas durante a investigação, sendo que três líderes da Reserva do exército foram disciplinados por abandono de serviço, segundo o relatório.
Em agosto, o exército assumiu estar "comprometido em rever as conclusões e implementar mudanças significativas para evitar que tragédias como esta se repitam", em resposta ao relatório final da comissão da governadora de Maine.
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