Os dois países "reafirmam a sua cooperação em matéria de segurança, assente nos princípios da reciprocidade, do respeito pela soberania e da integridade territorial, da responsabilidade partilhada e diferenciada, bem como da confiança mútua", segundo o comunicado lido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Juan Ramón de la Fuente.
Após um encontro com a Presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, no Palácio Nacional, o chefe da diplomacia norte-americana congratulou-se com o facto de Washington e a Cidade do México terem atingido "um nível de cooperação histórico".
"É a cooperação em matéria de segurança mais estreita que já tivemos, talvez com qualquer país", declarou Rubio numa conferência de imprensa, elogiando a abordagem de Sheinbaum.
Os dois países anunciaram hoje a criação de um "grupo de alto nível" para dar seguimento à coordenação bilateral em matéria de segurança, centrada no combate ao tráfico de droga e à imigração ilegal.
O anúncio foi feito por De la Fuente, antes da conferência de imprensa conjunta com o homólogo norte-americano.
"Os dois Governos criaram um grupo de execução de alto nível que se reunirá regularmente para acompanhar os compromissos mútuos e as ações tomadas nos seus próprios países", disse o ministro.
O chefe da diplomacia mexicano leu o comunicado conjunto no início da conferência de imprensa, após a reunião realizada na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo o acordado, o grupo irá monitorizar "as medidas para combater os cartéis, reforçar a segurança nas fronteiras, eliminar túneis fronteiriços clandestinos, lidar com fluxos financeiros ilícitos, melhorar a cooperação para impedir o roubo de combustível e aumentar as inspeções, investigações e processos para deter o fluxo de drogas e armas".
O Governo de Claudia Sheinbaum tem vindo a destacar estes quatro princípios acordados em fevereiro - uma cooperação bilateral assente "nos princípios de reciprocidade, respeito da soberania e integridade territorial, responsabilidade partilhada e diferenciada e confiança mútua" - depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter este verão ordenado ao Exército que combatesse grupos ligados ao tráfico de droga, desencadeando especulações sobre possíveis intervenções militares norte-americanas em solo mexicano.
O objetivo é "trabalhar em conjunto para desmantelar o crime organizado transnacional através de uma cooperação reforçada entre as nossas respetivas instituições de segurança nacional, agências de segurança pública e autoridades judiciais", sustentou De la Fuente.
Assegurou ainda que a cooperação para "combater a circulação ilegal de pessoas através da fronteira" irá reforçar a segurança ao longo da "fronteira partilhada", bem como travar "o tráfico de fentanil e outras drogas ilícitas", e também o tráfico de armas.
A visita de Rubio ocorre em plena ofensiva de Washington contra o tráfico de droga a nível transnacional, o que envolveu o destacamento, na terça-feira, de um contingente militar para as Caraíbas, para destruir um navio que, segundo Washington, pertencia ao Tren de Aragua, uma organização criminosa transnacional venezuelana, classificada pelos Estados Unidos como organização terrorista estrangeira e que se pensa possuir mais de 5.000 membros.
Estas ações de Washington foram de imediato condenadas pelas autoridades venezuelanas, que acusaram os Estados Unidos de tentar com esta operação forçar a deposição do Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
O secretário de Estado norte-americano declarou hoje na Cidade do México que intercetar carregamentos de droga "já não funciona" e avisou que Washington voltará a atacar embarcações como a que os militares norte-americanos destruíram na terça-feira em águas das Caraíbas perto da Venezuela.
"Em vez de a intercetarmos, destruímo-la. E vamos fazê-lo de novo", afirmou Rubio na conferência de imprensa conjunta com o homólogo mexicano.
Insistindo que o ataque ocorreu "em águas internacionais", Rubio disse que os cartéis "estão a lucrar milhares de milhões de dólares" com as suas operações e que "não querem saber" das perdas causadas pelos apresamentos, o que torna o uso da força necessário para travar o tráfico de droga.
O chefe da diplomacia norte-americana acrescentou que o Governo Trump deu a estes grupos a designação de "narcoterroristas" e afiançou que irá agir para eliminar o tráfico de drogas que ameaça os Estados Unidos.
Leia Também: Trump disponível para aumentar presença militar dos EUA na Polónia