"Ontem [terça-feira], tropas [israelitas] estacionadas num posto avançado no sul do Líbano identificaram atividade [e] lançaram várias granadas [de efeito moral] nas proximidades para (...) afastar a potencial ameaça", escreveu o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do exército israelita, na rede social X.
"Vários soldados da Finul [Força Interina das Nações Unidas no Líbano] de que operavam nas proximidades relataram que foram dirigidos tiros na sua direção", acrescentou.
Depois de uma análise do caso, o exército israelita sublinhou que "nenhum tiro intencional foi dirigido contra efetivos da Finul" e que "a segurança dos civis e forças [israelitas] continua a ser a principal prioridade", acrescentou o responsável, sem adiantar quaisquer pormenores.
Esta manhã, a Finul acusou Israel de "um dos ataques mais graves contra" os "capacetes azuis" desde novembro, data do cessar-fogo que pôs fim à guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah.
A Finul disse, em comunicado, que aparelhos aéreos não tripulados israelitas lançaram quatro granadas numa "zona situada perto" de posições da missão manutenção de paz.
Uma granada caiu a menos de 20 metros e as outras três a cerca de 100 metros de efetivos e viaturas da ONU, indicou.
Os membros da Finul encontravam-se no terreno a desmontar pontos de bloqueio localizados na linha de demarcação da ONU entre Israel e o Líbano (a chamada Linha Azul) na altura do ataque, que aparentemente não causou vítimas.
"Este é um dos ataques mais graves contra efetivos e propriedades da Finul" desde novembro do ano passado, referiu na mesma nota.
A Finul afirmou que o exército israelita foi informado com antecedência sobre os trabalhos de limpeza que estava a realizar na zona e acrescentou que as operações foram suspensas após o incidente.
A missão internacional, que funciona como separação entre Israel e o Líbano desde março de 1978, denunciou também o que disse ser uma "grave violação" da Resolução 1701 (que serviu de base para o acordo de cessar-fogo), bem como do direito internacional.
Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU decidiu prolongar, pela última vez, o mandato da Finul por um ano.
Um cessar-fogo concluído sob mediação norte-americana a 27 de novembro de 2024 pôs fim a mais de um ano de conflito entre o movimento xiita libanês e pró-iraniano Hezbollah e Israel.
Este acordo estipula que apenas o exército libanês e a Finul podem ser destacados no sul do país, junto da fronteira com Israel, excluindo a presença do Hezbollah e dos militares israelitas.
No entanto, Israel continua a manter tropas em cinco posições fronteiriças consideradas estratégicas no sul do Líbano e realiza ataques regulares, principalmente contra instalações e autoridades do Hezbollah.
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