"A operação [ocupação da Cidade de Gaza] ainda não começou", afirmou o responsável do departamento militar que gere os assuntos civis nos territórios palestinianos ocupados (COGAT), que pediu para não ser identificado, de acordo com a agência de notícias EFE.
A operação israelita vai implicar a deslocação de cerca de um milhão de pessoas para o sul do enclave palestiniano.
A mesma fonte acrescentou que as autoridades israelitas querem garantir que há tendas para todos os deslocados.
"Estamos a preparar um plano para os civis e queremos garantir que todos têm um lugar para viver quando forem deslocados", disse, de acordo com a agência de notícias EFE.
"Ontem [terça-feira], realizámos reuniões com várias organizações internacionais para facilitar a entrada de tendas", sublinhou.
Nas últimas semanas, um responsável da ONU indicou à EFE que, desde março passado, altura em que Israel bloqueou totalmente a entrada de ajuda humanitária em Gaza, as autoridades israelitas não permitiram que as agências e parceiros da ONU trouxessem tendas ou lonas para os residentes de Gaza.
As tendas tornaram-se essenciais para a maioria da população, desalojada pelos bombardeamentos israelitas ou foi expulsa de casa durante quase dois anos de ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.
O responsável do COGAT afirmou que, nas últimas semanas, foram trazidas quase 4.500 tendas "em cooperação com organizações internacionais", sem mais pormenores.
Afirmou ainda que, só na última semana, quase 70.000 residentes do norte da Faixa de Gaza, onde se situa a Cidade de Gaza, já começaram a deslocar-se para o sul, assumindo que as tropas israelitas vão chegar nas próximas semanas.
Questionado pela EFE sobre como pretende realojar um milhão de pessoas no sul do enclave, especialmente na zona costeira de Mawasi, já lotada com milhares de palestinianos a viver em tendas e também foi bombardeada várias vezes, o responsável respondeu simplesmente: "Acreditamos que todos caberão no sul".
Este responsável indicou ainda que, nos próximos dias, será definida "outra área humanitária" na região de Rafah, perto da fronteira com o Egito, sobre não a qual escusou-se a fornecer informações.
No final de junho, o ministro da Defesa israelita, Israel Kazt, solicitou ao exército a construção de uma "cidade humanitária", como lhe chamou, nas ruínas de Rafah para acolher toda a população de Gaza. Muitas organizações de defesa dos direitos humanos chamaram a este projeto um "campo de concentração".
O mesmo responsável do COGAT insistiu que "não há fome em Gaza, como confirmado pelos serviços de informação israelitas", rejeitando os recentes relatórios das agências da ONU.
"Sabemos que cada pessoa em Gaza precisa de 2.100 calorias por dia e, em agosto, cada residente de Gaza tinha acesso a 4.400 calorias. Além disso, a entrada diária de camiões aumentou", afirmou.
No entanto, os dados publicados pelo Ministério da Saúde de Gaza sugerem uma realidade diferente: em julho e agosto, foram registadas 81% das mais de 350 mortes por subnutrição na Faixa de Gaza.
Os números elevados foram registados após meses de bloqueio israelita à entrada de ajuda no enclave palestiniano.
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