No total, cerca de 40.500 crianças sofreram "ferimentos relacionados com a guerra" iniciada em outubro de 2023, há quase dois anos, afirmou o comité de peritos, que se reúne duas vezes por ano em Genebra, na Suíça.
Segundo o comité, Israel deve adotar medidas específicas para proteger as crianças com deficiência de ataques e implementar protocolos de retirada que tenham em conta as pessoas com deficiência.
As ordens de evacuação israelitas em Gaza "frequentemente não chegam" às pessoas com deficiência auditiva ou visual, o que "torna a retirada impossível", denunciou o CDPD.
Os especialistas relataram ainda que "as pessoas com deficiência foram forçadas a fugir em condições perigosas e indignas, como rastejar na areia ou na lama, sem ajuda à mobilidade".
O comité determinou também que cerca de 83% das pessoas com deficiência perderam os seus dispositivos de assistência e que a maioria não conseguiu encontrar alternativas, como carroças puxadas por burros.
Os obstáculos físicos, como escombros de edifícios ou infraestruturas, e a perda de dispositivos de mobilidade também impediram as pessoas de chegar aos novos pontos de distribuição de ajuda.
Os peritos manifestaram preocupação com o facto de dispositivos como cadeiras de rodas, andarilhos, bengalas, talas e outras próteses serem considerados pelas autoridades israelitas como "artigos de dupla utilização" e, portanto, também ofensivos, já que essa classificação impede que sejam incluídos nas remessas de ajuda humanitária.
Além disso, as restrições à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza tiveram um impacto desproporcional nas pessoas com deficiência, aponta o comité, referindo que muitos "permanecem sem alimentos, água potável ou saneamento básico, e dependem de terceiros para a sua sobrevivência".
Por isso, o CDPD pediu que seja entregue "assistência humanitária às pessoas com deficiência" afetadas pela guerra, sublinhando que todas as partes devem adotar medidas de proteção para com esta população vulnerável, de forma a evitar "mais violência, danos, morte e privação de direitos".
Segundo o comité das Nações Unidas, entre 07 de outubro de 2023 e 21 de agosto último, pelo menos 157.114 pessoas ficaram feridas no conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, mais de um quarto das quais ficou em risco de sofrer incapacidades permanentes.
Um relatório da ONU publicado em junho passado refere que o número de violações graves contra crianças em conflitos armados atingiu um novo máximo em 2024, com 41.370 incidentes verificados, um aumento de 25% face a 2023.
Os países com os níveis mais elevados de violações em 2024 foram Israel e os Territórios Palestinianos Ocupados, principalmente a Faixa de Gaza, - que foram englobados na mesma secção do relatório -, a República Democrática do Congo, a Somália, a Nigéria e o Haiti.
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