Guterres está a visitar a Papua-Nova Guiné, sendo esta a primeira visita de um secretário-geral em exercício das Nações Unidas à nação insular do Pacífico Sul.
Guterres considerou que a primeira lição que a Papua-Nova Guiné ensinou ao mundo foi a "arte de procurar consensos pelo diálogo" desde que se tornou uma nação independente.
"A segunda lição que vocês oferecem ao mundo é uma ação climática ousada. Repetidamente, vimos a liderança climática fluir não de países com mais riqueza e poder, mas daqueles que conhecem os riscos em primeira mão", disse Guterres num discurso ao Parlamento Nacional na capital, Port Moresby.
Guterres atribuiu à Papua-Nova Guiné um papel de liderança na elaboração do parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça, em julho, momento em que foi discutido que os países podem estar a violar o direito internacional se não tomarem medidas para proteger o planeta das mudanças climáticas, tendo sido apontado que as nações prejudicadas podem ter direito a reparações.
O parecer não vinculativo da CIJ, apoiado por unanimidade pelos 15 juízes do tribunal, foi aclamado como um ponto de viragem no direito climático internacional
A discussão foi liderada pela nação insular de Vanuatu, no Pacífico Sul, e apoiada por mais de 130 países.
"É uma prova da liderança da Papua-Nova Guiné, da Melanésia e de toda a região do Pacífico. A Papua-Nova Guiné não contribui para as mudanças climáticas. Vocês são até mesmo um país sumidouro de carbono", disse Guterres, referindo-se às florestas do país e às algas marinhas circundantes que absorvem mais dióxido de carbono do que a população emite.
O primeiro-ministro de Papua-Nova Guiné, James Marape, disse ao Parlamento, em resposta ao discurso de Guterres, que o "caminho de desenvolvimento da nação será verde, resiliente e inclusivo".
Critico da retirada dos Estados Unidos do histórico acordo climático de Paris pelo presidente Donald Trump em janeiro, Marape há muito argumenta que os maiores países emissores de carbono têm uma "obrigação moral e uma responsabilidade ainda maior" de gerenciar as mudanças climáticas.
Já o diretor executivo do 'think tank' Institute of National Affairs, sediado em Port Moresby, Paul Barker, afirmou que a eficácia de Papua-Nova Guiné como sumidouro de carbono provavelmente foi reduzida por décadas de exploração madeireira da floresta tropical.
"É uma história mista e os dados são um pouco incertos", disse Barker sobre a mudança no uso da terra sob o que o governo chama de acordos de conversão florestal.
Esta visita de Guterres ocorre antes da comemoração do 50.º aniversário da independência deste país da vizinha Austrália que se comemora a 16 de setembro.
Papua-Nova Guiné é o país mais populoso do Pacífico Sul, depois da Austrália.
A Austrália tem 27 milhões de habitantes, enquanto o escritório de estatística de Papua-Nova Guiné estima que a sua população se aproxime de 12 milhões.
A Papua-Nova Guiné também possui uma população extraordinariamente diversa, com mais de 800 línguas indígenas.
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