"Agora é simples. As eleições acabaram. Agora é uma questão de matemática, e qualquer pessoa que saiba usar uma calculadora saberá os resultados", afirmou Jagdeo, na terça-feira.
"Por volta das 05h00 [de terça-feira, 10h00 em Lisboa], concluímos a recontagem interna e soubemos os resultados, pois tínhamos cerca de 99% dos SOP [atas eleitorais] que utilizámos", afirmou o secretário-geral do Partido Progressista Popular/Cívico (PPP/C).
Jagdeo disse esperar que, após a recontagem dos resultados eleitorais, o PPP/C consiga uma maioria ainda maior no Parlamento da Guiana, país sul-americano de 850 mil habitantes.
A presidência foi disputada entre Ali, o magnata Azurddin Mohamed, sancionado pelos EUA e fundador do movimento Investimos na Nação (WIN), e Aubrey Norton, líder da Associação para uma Nova Unidade (APNU, esquerda).
De acordo com os registos eleitorais já divulgados publicamente, o WIN também obteve um apoio significativo, enquanto o maior derrotado foi o APNU, até agora o maior partido da oposição.
A Comissão Eleitoral deverá anunciar o vencedor oficial das eleições na quinta-feira.
As eleições na Guiana, dotada das maiores reservas de petróleo per capita do mundo, são logisticamente complexas, dado que mais de 95% do território está coberto por floresta tropical.
As eleições presidenciais, legislativas e regionais da Guiana determinarão quem irá gerir a vasta riqueza petrolífera do país durante os próximos cinco anos.
A Guiana alcançou um crescimento recorde de 63% em 2022, graças ao petróleo, e, de acordo com previsões do Fundo Monetário Internacional, crescerá em média 14% ao ano até 2030.
A maioria das reservas de petróleo está localizada na bacia do rio Essequibo, uma região fronteiriça que é também reivindicada pela Venezuela.
No domingo, um dia antes das eleições, a Guiana denunciou tiros disparados da Venezuela contra um barco guianês que transportava material eleitoral para a votação em Essequibo.
Irfaan Ali, que recebeu o apoio dos Estados Unidos na disputa entre os dois países, assumiu uma posição firme contra a Venezuela, que relançou as reivindicações sobre o território de Essequibo em 2019, após a descoberta de novas reservas de hidrocarbonetos.
A Guiana defende que a atual fronteira, que data da era colonial britânica, foi ratificada em 1899 e pediu ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que a ratifique.
A Venezuela, que não reconhece a jurisdição do TIJ, sustenta que o rio Essequibo, situado mais a leste, deveria ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a colonização espanhola, e exigiu negociações, liminarmente rejeitadas pela Guiana.
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