A maioria dos reservistas já esteve em Gaza nos últimos meses e agora é obrigada a servir mais três meses, com a possibilidade de um prolongamento em função das necessidades, de acordo com a imprensa israelita.
O jornal Haaretz referiu que foram convocados 60.000 reservistas numa primeira fase, enquanto outros meios de comunicação, como o Ynet, falam de 40.000, referiu a agência de notícias EFE.
No total, de acordo com o Ynet, serão necessários entre 110.000 e 130.000 reservistas para completar a operação, que implica deslocar um milhão de habitantes de Gaza depois de quase dois anos de guerra.
Questionado pela EFE, o exército israelita disse que estava a rever os dados.
O início da mobilização ocorre numa altura em que as forças israelitas avançam no norte e no centro do enclave, atacando partes de Zeitun e Shijaiyah, dois bairros a oeste da cidade de Gaza.
Zeitun, outrora o maior bairro da cidade de Gaza, com mercados, escolas e clínicas, foi transformado no último mês, apresentando agora ruas vazias e edifícios reduzidos a escombros.
Tornou-se numa "zona de combate perigosa", como as forças de Israel lhe chamaram na semana passada, disse a agência de notícias Associated Press (AP).
A cidade de Gaza é o bastião político e militar do Hamas e, de acordo com Israel, ainda abriga uma vasta rede de túneis, apesar das múltiplas incursões ao longo dos 23 meses da ofensiva israelita.
É também um dos últimos refúgios no norte, onde centenas de milhares de civis estão abrigados, enfrentando a dupla ameaça de combates e fome.
O Haaretz noticiou que nem todos os reservistas agora mobilizados vão para a Faixa de Gaza, dado que alguns serão enviados para bases militares na Cisjordânia ocupada e no norte de Israel.
Alguns reservistas convocaram um protesto para hoje em Telavive por rejeitarem os planos de ocupação do executivo israelita.
Durante a reunião do gabinete de segurança realizada no domingo, voltaram a surgir divergências os militares, incluindo o chefe do exército, Eyal Zamir, e Netanyahu, com o primeiro-ministro a manter a recusa em retomar a via diplomática para recuperar os reféns.
Nethanyahu, noticiou hoje a rádio pública KAN, garantiu na reunião que contava com o apoio do Presidente norte-americano, Donald Trump, para avançar com o plano de conquista da cidade de Gaza.
Trump admitiu nas últimas horas que a situação em Gaza era terrível e que as pessoas estavam "com muita fome", depois de ser questionado sobre se Israel estava a cometer um genocídio no enclave palestiniano.
A ONU declarou oficialmente em agosto uma situação de fome na província de Gaza, no norte do território controlado pelo grupo extremista Hamas desde 2007, o que acontece pela primeira vez não Médio Oriente.
Israel enfrenta acusações de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, que nega.
O Tribunal Penal Internacional emitiu em novembro de 2024 um mandado de detenção em nome de Netanyahu por suspeita de crimes de guerra, por uso da fome como arma, e crimes contra a humanidade.
O Ministério da Saúde de Gaza informou hoje que 185 pessoas morreram de desnutrição em agosto, o número mais alto em meses, segundo a AP.
A guerra em curso foi desencadeada por um ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que causou 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Quarenta e oito reféns ainda estão em Gaza, cerca de 20 deles considerados vivos por Israel, depois de a maioria ter sido libertada em troca de prisioneiros palestinianos.
A ofensiva israelita matou 63.557 palestinianos, de acordo com o ministério do Hamas, que não diferencia civis e combatentes na contagem, mas afirma que mulheres e crianças representam cerca de metade dos mortos.
Leia Também: Ataques israelitas matam 31 pessoas na Faixa de Gaza