"As relações entre a China e a Rússia resistiram a um ambiente internacional em mudança e constituem um exemplo de como devem ser as relações entre grandes potências: caracterizam-se por boa vizinhança duradoura, coordenação estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica", disse Xi, citado pela televisão estatal CCTV.
Durante o encontro em Pequim, o chefe de Estado chinês expressou o desejo de "promover um desenvolvimento ainda mais profundo das relações" bilaterais, sublinhando que os dois países devem "aprofundar a integração dos seus interesses" e "fazer todos os esforços para consolidar e manter a cooperação".
Xi agradeceu a Putin a presença no desfile militar desta quarta-feira, que assinala o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, e recordou a sua participação, em maio, nas comemorações do Dia da Vitória em Moscovo. Ambos os eventos demonstram a "firme determinação" da China e da Rússia em salvaguardar os resultados da guerra, afirmou.
"É necessário manter uma visão correta da história da Segunda Guerra Mundial", afirmou o líder chinês, que apelou ainda à "defesa firme dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas" e à construção de "um sistema de governação global mais justo e equitativo".
Xi destacou que tanto Pequim como Moscovo valorizam a "igualdade soberana", o "Estado de direito internacional" e o "multilateralismo", e apelou ao reforço da cooperação em plataformas como as Nações Unidas, a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), os BRICS e o G20.
Segundo a CCTV, Putin afirmou que os laços bilaterais atingiram um "nível historicamente elevado" e demonstram "grande importância estratégica".
O Presidente russo agradeceu também a Xi pela presença nas celebrações do Dia da Vitória, sublinhando que a participação no desfile de quarta-feira envia ao mundo a mensagem de que "Rússia e China se apoiaram mutuamente e lutaram lado a lado na Guerra Mundial Antifascista".
"Desempenhámos um papel crucial na vitória, tanto na frente europeia como na oriental. Hoje mostramos a nossa determinação em defender juntos os frutos dessa vitória", afirmou Putin.
O líder russo acrescentou que Moscovo está disposta a "manter a coordenação estratégica com a China, reforçar os contactos ao mais alto nível e aprofundar a cooperação prática em diversas áreas", com vista a promover o desenvolvimento sustentado da parceria bilateral.
Xi, Putin e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, demonstraram na segunda-feira a sua proximidade política durante a 25.ª cimeira da SCO, em Tianjin, nordeste da China, onde Putin agradeceu os "esforços" da China, da Índia e de outros parceiros para tentar pôr fim à guerra na Ucrânia.
Na sua intervenção, Putin defendeu a necessidade de "eliminar as causas do conflito para alcançar uma solução duradoura", referindo-se ao entendimento obtido na sua mais recente reunião com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um passo rumo à paz.
Na mesma cimeira, Xi Jinping criticou a hegemonia ocidental e afirmou que a SCO deve tornar-se "um pilar da multipolaridade e da democratização das relações internacionais".
A organização condenou ainda as "ingerências nos assuntos internos" com base em argumentos de defesa dos direitos humanos e rejeitou "abalos ao comércio internacional".
O encontro entre Xi e Putin antecede o desfile militar marcado para esta quarta-feira na Praça Tiananmen, em Pequim, que assinala o 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico. O evento contará também com a presença do líder norte-coreano, Kim Jong-un.
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