Uma mulher "foi queimada viva" durante um "ataque de uma multidão", no sábado passado, após blasfemar contra o profeta Maomé, no estado de Níger, na Nigéria. O caso está a ser investigado pelas autoridades locais.
Segundo a BBC, que cita o porta-voz da polícia do estado de Níger, Wasiu Abiodun, a mulher, identificada como uma vendedora de alimentos chamada Amaye, foi vítima de uma "justiça selvagem".
Já a imprensa local revelou que a mulher foi pedida em casamento por um homem em tom de brincadeira, mas a sua resposta foi considerada uma blasfémia para quem estava nos arredores.
"Infelizmente, isso levou a um ataque de uma multidão e [a mulher] foi queimada viva antes dos reforços das equipas de segurança chegarem ao local", indicou Abiodun.
"A polícia condenou qualquer ato de justiça coletiva e pediu à população que mantivesse a calma", acrescentou o porta-voz.
Sublinhe-se que a blasfémia é considerada um crime sob a lei islâmica, a sharia, que está presente em 12 estados de maioria muçulmana na Nigéria.
À BBC, a Amnistia Internacional explicou que a blasfémia era frequentemente "usada como arma para acertar contas pessoais" no norte da Nigéria.
Na Nigéria, tanto cristãos quando muçulmanos têm sido vítimas de violência em grupo por acusações de blasfémia.
Em junho de 2023, Usman Buda, um talhante da cidade de Sokoto, no norte da Nigéria, foi apedrejado até à morte após ser acusado de blasfémia durante uma discussão com outro comerciante.
O caso mais conhecido ocorreu um ano antes, em maio de 2022, quando Deborah Samuel, uma estudante cristã, foi assassinada por colegas da universidade após ser acusada de blasfémia por comentários feitos num grupo de WhatsApp.
Na altura, o então presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, condenou "veementemente o recurso à justiça popular" e que o assassinato da jovem de 19 anos era "motivo de preocupação", pedindo uma "investigação imparcial e exaustiva de tudo o que aconteceu antes e durante o incidente".
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