"O julgamento precisa ser feito com absoluta serenidade, mas cumprindo o que diz a Constituição, sem interferências, venha de onde vier", frisou Luis Barroso, citado pela imprensa local, um dia antes de Jair Bolsonaro e sete membros da sua cúpula começarem a ser julgados e no mesmo dia em que o deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro ter avisado que prevê que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha novas sanções contra o Brasil, caso o seu pai, Jair Bolsonaro, seja condenado.
"A história do Brasil sempre foi história de golpes, contragolpes e tentativas de quebra institucional. Temos, desde a redemocratização, 40 anos de estabilidade institucional. Se comprovar que houve tentativa de golpe, o julgamento ainda vai ocorrer, acho que é muito importante julgar, encerrar o ciclo do atraso no país e ter a consciência de que a divergência, que é legitima e desejável em uma democracia, deve se manifestar dentro das regras do jogo", frisou.
Luis Barroso disse ainda que em "democracia a regra é quem ganha leva, quem perde não fica despojado dos seus direitos e pode concorrer".
"O que me preocupa é o extremismo. Acho que em breve nós vamos empurrar o extremismo para a margem da história e teremos uma política em que estarão presentes conservadores, liberais, progressistas, como a vida deve ser", sublinhou o juiz.
Apesar de ser presidente do STF, Luís Barroso não participará do julgamento visto que este decorre na Primeira Turma do tribunal, composto apenas por cinco juízes.
Jair Bolsonaro é acusado de tentar dar um golpe de Estado com a ajuda de altos cargos militares para anular os resultados das eleições de 2022, nas quais foi derrotado pelo atual Presidente, Lula da Silva, e assim se manter no poder.
Este grupo, chamado de "Núcleo 1" ou "Núcleo Crucial", responde por tentativa de abolição violenta do Estado de Direito Democrático, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.
O processo penal contra o ex-Presidente desencadeou um conflito diplomático e comercial entre o Brasil e os Estados Unidos, cujo Presidente, Donald Trump, aplicou tarifas de 50% a vários produtos brasileiros em retaliação a um julgamento que considera "uma caça às bruxas".
Ao mesmo tempo, aplicou uma série de sanções a membros do STF e ao procurador-geral, sendo que o mais visado foi o juiz Alexandre de Moraes, que já garantiu que não se intimidará.
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