"O Estado do povo curdo é a República da Turquia, a Turquia é a pátria do povo curdo", defendeu Mehmet Ucum, em entrevista ao jornal Haber Turk.
As autoridades turcas desenvolveram uma ronda de contactos nos últimos meses para pôr fim ao conflito de mais de quatro décadas com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que anunciou a sua dissolução em maio e iniciou o desarmamento simbólico dos seus combatentes em meados de julho.
Em contrapartida, a força política pró-curda DEM, a terceira maior no parlamento e que atuou como mediadora entre Ancara e o fundador preso do PKK, Abdullah Öcalan, exige a melhoria dos direitos desta comunidade, que representa cerca de 20% da população turca.
Para o efeito, o parlamento turco criou uma comissão interpartidária encarregada de preparar um quadro jurídico para o processo de paz.
"Com a dissolução do PKK e a sua deposição de armas, está aberto o caminho para um processo democrático", assinalou o conselheiro de Erdogan e presidente interino do Conselho de Política Legislativa.
Este processo é uma "transformação revolucionária que vai determinar o futuro da Turquia e da região", prosseguiu.
Nesse sentido, Mehmet Ucum acredita que as exigências do DEM podem ser satisfeitas por uma nova Constituição.
"O facto de a cidadania turca ser definida como um estatuto legal e não étnico será claramente declarado", explicou.
A nova lei fundamental poderá incluir "uma reforma das autoridades locais, destacando a sua natureza unitária e reforçando os seus poderes", sugeriu.
Erdogan, que governa a Turquia desde 2003, tem falado frequentemente em alterar a Constituição, que considera obsoleta por ter sido herdada do golpe militar de 1980, embora tenha sido atualizada várias vezes desde então.
Para muitos observadores, uma nova Constituição permitiria também a Erdogan, no poder desde 2003, voltar a candidatar-se à presidência.
Atualmente, o líder turco, reeleito em 2023, não está autorizado a exercer mais nenhum mandato.
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