Os huthis, que normalmente não divulgam informações sobre as suas perdas, publicaram hoje uma lista com os nomes dos membros do Governo mortos no ataque israelita.
A lista inclui Al-Rahawi e nove dos seus ministros, bem como o seu chefe de gabinete e o secretário do governo.
A agência France-Presse (AFP) descreve que doze caixões, envoltos em bandeiras iemenitas, foram depositados na Mesquita Al-Shaab, onde se realizou uma cerimónia religiosa, seguida de um desfile militar na capital do país, controlada pelos huthis desde 2014.
Além do ministro dos Negócios Estrangeiros, Jamal Amer, a lista inclui também os ministros da Informação, Economia e Indústria, Eletricidade, Assuntos Sociais e Trabalho, Cultura e Turismo, Desporto, Justiça e Pescas.
Estes ministros faziam parte do executivo de Al-Rahawi, formado em agosto de 2024 sob o lema "Governo da Mudança e da Construção", e composto por 22 membros no total, incluindo dois vice-primeiros-ministros.
Os huthis revelaram no sábado que Al-Rahawi foi morto juntamente com várias outras figuras políticas de alto nível, após um ataque israelita que visou o local onde decorria uma reunião governamental de rotina para avaliar as atividades no último ano.
No dia seguinte, as forças armadas israelitas confirmaram o ataque e que o primeiro-ministro foi morto "juntamente com outros altos oficiais huthis".
O Governo de Al-Rahawi geria áreas controladas pelos huthis desde que o grupo xiita apoiado pelo Irão se insurgiu contra as autoridades internacionalmente reconhecidas em 2014 e controlava grandes áreas do norte, centro e oeste do país.
Após o ataque, o chefe do Supremo Conselho Político Huthi, Mahdi al-Mashat, avisou Israel que "a vingança nunca dorme" e ameaçou com "dias sombrios", enquanto o principal líder rebelde iemenita, Abdelmalek al-Houthi, se referiu a uma "escalada constante" de violência que se avizinha para o Estado hebreu.
Já hoje, os rebeldes iemenitas reivindicaram o lançamento de um míssil contra um petroleiro ao largo da costa da Arábia Saudita, no Mar Vermelho.
Um porta-voz dos huthis, Yahya Saree, assumiu a responsabilidade pelo lançamento numa mensagem pré-gravada transmitida pela Al-Masirah, um canal de notícias por satélite controlado pelo movimento, alegando que a embarcação, "Scarlet Ray", tinha ligações a Israel.
Al-Mashat nomeou entretanto o vice-primeiro-ministro Muhammad Meftah como chefe do Governo, enquanto os huthis se reorganizam depois do ataque mortal israelita.
Segundo uma fonte do movimento, citada pela agência noticiosa espanhola EFE e que pediu para não ser identificada, Meftah sobreviveu ao ataque aéreo embora tenha sido ferido junto do local onde decorria a reunião alvo do bombardeamento israelita.
A fonte revelou ainda à EFE que quatro ministros se encontravam em estado crítico e a receber tratamento em unidades de cuidados intensivos dos hospitais de Sana.
Esta lista inclui Mohamed al-Madani, um dos três vice-primeiros-ministros do Governo de Al-Rahawi, e Mohamed Quhaim, ministro dos Transportes e Obras Públicas.
"Não há preocupação com o funcionamento do aparelho governamental. O sangue dos mártires dá-nos a motivação e a determinação necessárias", declarou hoje o novo primeiro-ministro interino à multidão reunida na mesquita para as cerimónias fúnebres.
Os huthis iniciaram ataques contra a navegação comercial ao largo do Iémen em novembro de 2023, em alegada solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas na guerra na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que lançaram dezenas de bombardeamentos diretos contra território israelita.
As ações dos huthis no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, uma região vital para o comércio global, levaram à resposta militar de Israel e ao início de campanhas de bombardeamento no Iémen por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Os huthis integram o chamado "eixo de resistência" liderado pelo Irão contra Israel, de que fazem parte outros grupos radicais da região, como o libanês Hezbollah e os palestinianos Hamas e Jihad Islâmica.
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