"Gaza não está à venda", frisou o também antigo ministro da Saúde do enclave, numa mensagem publicada nas redes sociais, na qual lembra que o território é "parte integrante da grande pátria palestiniana".
Bassen Naim enfatizou ainda a "rejeição do Hamas e do povo" palestiniano ao plano.
Divulgado no domingo pelo jornal norte-americano The Washington Post, o plano, de 38 páginas, prevê a deslocação "voluntária" de toda a população do território palestiniano, que ficaria sob administração dos Estados Unidos (EUA) durante 10 anos para ser transformado num polo turístico e tecnológico.
Segundo o plano, os cerca de dois milhões de residentes da Faixa de Gaza seriam levados para outros países ou zonas seguras dentro do enclave, devastado por quase dois anos de guerra, enquanto este seria reconstruído.
Durante 10 anos, o território ficaria sob a administração de uma entidade chamada Fundo para a Reconstituição, Aceleração Económica e Transformação de Gaza, ou Great Trust, dando depois lugar a uma "entidade palestiniana reformada e desradicalizada", adiantou o jornal que teve acesso ao documento.
Aqueles que aceitassem sair receberiam 5.000 dólares em dinheiro (cerca de 4.200 euros), além de ajuda para quatro anos de renda e um ano de alimentação, acrescentou o The Washington Post citado pela agência de notícias francesa AFP.
Questionado pela AFP, o Departamento de Estado norte-americano não reagiu, até ao momento, às informações do jornal sobre este projeto.
A notícia foi publicada poucos dias depois de uma reunião em Washington para, segundo o enviado especial do Presidente Donald Trump, Steve Witkoff, examinar um "plano muito abrangente" para o período pós-guerra na Faixa de Gaza.
Este plano foi rejeitado pelos países árabes e ocidentais, bem como pela ONU.
"O Hamas rejeita todos estes planos que deslocam o povo e mantêm o ocupante nas nossas terras", disse outro representante do Hamas, sob anonimato.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apoiou um plano anunciado em fevereiro pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que afirmou querer assumir "o controlo" de Gaza e transformá-la na "Riviera do Médio Oriente", reiterando que a população do território poderia mudar-se para outro lugar.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 63 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 300 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
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