Numa entrevista a quatro canais de notícias, Bayrou disse que se o Governo cair será abandonada a política que considera "vital para o país" e substituída por uma outra menos rigorosa e sem rumo.
Há uma semana, o chefe do executivo francês anunciou que iria submeter-se a uma moção de confiança após apresentar um proposta de orçamento para 2026 altamente impopular, prevendo cortes na ordem dos 44 mil milhões de euros.
"Quase todos os franceses sabem perfeitamente que um país endividado é um país que já não tem a sua soberania, que já não tem a sua liberdade", insistiu na entrevista.
"Acho que os próximos dias são cruciais (...) se imaginam que posso abandonar as batalhas que estou a travar, (...) que tenho travado há anos e que continuarei a travar depois, estão enganados", afirmou o centrista, que se candidatou por três vezes à presidência do país.
A esquerda e a extrema-direita indicaram que votarão contra a moção de confiança, tornando quase inevitável a queda de Bayrou, cujo Governo resulta de uma coligação entre o centro e a direita.
Bayrou disse há dias que ia convocar os líderes dos partidos para uma reunião na segunda-feira, salientando estar pronto para "discutir todos os assuntos" exceto o seu plano orçamental para 2026.
Em caso de queda do Governo, o Presidente Emmanuel Macron pode nomear outro primeiro-ministro, na esperança (quase excluída à partida) de obter uma maioria parlamentar, ou optar pela convocação antecipada de eleições legislativas (que seriam as segundas em menos de um ano e meio).
Pressionado pela extrema-direita e pela esquerda radical para se demitir, Macron reiterou o seu apoio a Bayrou na sexta-feira, considerando que o chefe de Governo "tem razão em responsabilizar as forças políticas e parlamentares" pela sombria situação orçamental do país.
O primeiro presidente do Tribunal de Contas, Pierre Moscovici, disse hoje que "a França precisa de um orçamento a tempo e horas", face a uma situação financeira que "não é crítica, mas ainda assim é preocupante".
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